Vinte dias depois de terem sido retirados do Sítio São Francisco, em Ponta Grossa, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) voltaram a ocupar o local. Ontem pela manhã, cerca de 80 pessoas acamparam na área localizada na BR-277. O movimento insiste para que a área seja desapropriada, já que, segundo eles, seria ?fruto de grilagem por parte do atual proprietário, Valdir Copetti Neves?. O proprietário, que é tenente-coronel da Polícia Militar, já tomou as providências para reaver a posse do local.
Segundo o Primeiro Batalhão da Polícia Militar de Ponta Grossa, a ocupação foi pacífica, por volta das 7h. Os sem terra montaram cerca de dez barracas e cercaram o local. O efetivo acompanhou de longe a movimentação. Ainda não há, segundo a PM, ordem judicial para nova retirada. O despejo anterior aconteceu no último dia 4. Na época, havia 115 integrantes do MST no sítio, que estavam no local há três anos.
O advogado de Neves, Carlos Biazetto, afirmou que, ontem à tarde, fez o registro policial da ocupação e protocolou uma ?reiteração no pedido de reintegração de posse?. Ele espera que até o início da próxima semana a nova reintegração de posse seja cumprida.
De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a área, pertencente à Embrapa, tem 600 hectares: 10% desse total estariam sob litígio, não apenas entre a Embrapa e Copetti Neves. No final de 2005, o Incra teria dado início ao processo de compra de 540 hectares da fazenda, ou seja, a área fora de litígio. Para finalizar a compra e então prosseguir para o processo de assentamento das famílias, faltariam apenas alguns documentos da Embrapa, como o georreferenciamento. É provável que um assentamento na área saia ainda este ano, informa o Incra.
Pedido de prisão
O mandado anterior de reintegração de posse do Sítio São Francisco, emitido há quase dois anos, só foi cumprido no dia 4, depois que o juiz Francisco Carlos Jorge pediu a prisão do comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, Nemésio Xavier de França Filho, e do comandante do Primeiro Batalhão da PM de Ponta Grossa, Francisco Ferreira de Andrade Filho. O motivo era a demora no cumprimento da reintegração de posse da área.