Dando continuidade às manifestações que realizam em todo o país desde a última terça-feira, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Curitiba, ontem, exigir aceleração na reforma agrária, melhorias na infra-estrutura dos assentamentos e acampamentos e a renegociação das dívidas que adquiriram dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os sem terra repassaram suas reivindicações à ouvidoria do Incra, que se comprometeu a atender a todos os pedidos, mesmo estando impossibilitada temporariamente por conta da greve dos servidores do órgão, que vai completar 60 dias no final de semana.
O trabalhador rural Valdevino Antunes, que está acampado junto com outras 50 famílias no acampamento Rodeio, no município de Reserva do Iguaçu (sul do Estado), diz que o Incra não vistoria o local há mais de um ano. ?Já viemos três vezes aqui pedir isso, mas o Incra não atende. Queremos que o nosso processo de assentamento seja acelerado?, reclamou. Já o sem terra Antônio Carlos Moreno, que vive no acampamento Vial Brasil, em Foz do Jordão (no sudoeste), conta que a região sofre com os conflitos agrários. ?Há três anos um companheiro nosso foi morto por pistoleiros. E, para piorar, o Incra já vistoriou a nossa área e disse que ela é improdutiva. Queremos que o processo de desapropriação ande mais rápido?, disse.
O ouvidor agrário do Paraná, Luasses dos Santos, disse que o órgão vai atender a todos os pedidos depois que a greve acabar. ?Temos poucos servidores e, com a paralisação, há menos ainda. Dos 20 que trabalham em Curitiba, apenas dois estão no Incra. Isso prejudica os trabalhos de vistoria e de assistência técnica?, afirmou. Com relação às dívidas do Pronaf, Santos disse que repassou as informações ao governo federal, que deverá encaminhá-las ao Banco Central. Sobre a falta de assistência técnica (os sem terra reclamam que o benefício foi cortado há um ano e meio), o ouvidor disse que o Incra está tentando firmar novas parcerias para viabilizá-la novamente.
Em pelo menos outros 13 municípios do Estado, os sem terra continuaram protestando em frente às agências do Banco do Brasil para reivindicar a renegociação das dívidas e a garantia da construção de agroindústrias e de prédios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na tentativa de receber cestas básicas que estariam atrasadas.
