O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) quer providências urgentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) quanto às milícias armadas que, segundo o movimento, têm sido uma constante nos acampamentos paranaenses. O último ataque, na Fazenda Videira, em Guairaçá, noroeste do Estado, deixou três pessoas feridas depois que pistoleiros chegaram ao local atirando, na madrugada da última sexta-feira. Cerca de 600 famílias estão instaladas na área, aguardando trâmites judiciais de desapropriação das terras. A Sesp garante que investigações para apurar os responsáveis pelo ocorrido estão em trâmite.

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O incidente de uma semana atrás levou o MST a denunciar os ataques, os quais considera ?cada vez mais violentos?, à Ouvidoria Agrária do Incra no Paraná, que solicitou providências à Sesp e à Superintendência da Polícia Federal na investigação do caso.

O pedido, segundo um dos acampados de Guairaçá, está relacionado à apreensão vivida pelos sem terra neste e em outros acampamentos do Paraná. ?Tememos ameaças e perseguições?, ressalta. O sem terra afirma que indícios apontam a milícia responsável pelos tiros na fazenda Videira como grupo constituído por profissionais, que utilizam armas de grosso calibre. ?São pessoas que sabem atirar, contratadas para isso.? Na ocasião, dez atiradores foram presos. De acordo com o acampado, um documento encontrado pelos sem terra no local do ataque aponta que os pistoleiros são provenientes da cidade de Dourados (MS).

Para ele, a contratação é responsabilidade dos donos ou arrendatários das terras. ?Devem chamar gente de fora para não gerar desconfiança?, arrisca. Ele acredita que as milícias prejudicam o movimento ?tanto politicamente como moralmente?. ?Não faz muito tempo que aconteceu uma morte nessa região, na antiga fazenda Santa Filomena, também envolvendo as milícias armadas. Trabalhadores estão sendo atacados e a gente não vê as autoridades policiais nem o judiciário fazendo algo em relação a isso.? Para o sem terra, investigações do tipo deveriam ir para o âmbito da polícia federal. ?Só com o Estado a história fica em banho-maria.? A Sesp, por sua vez, reitera que a polícia civil de Guairaçá está investigando o caso ?com todo o rigor possível?.

Santa Maria

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Já na fazenda Santa Maria, em Santa Maria do Oeste, oeste do Estado, a secretaria insiste que existem negociações de compra da área por parte do Incra. Fato que impedira o cumprimento da reintegração de posse. Do outro lado, o coordenador do instituto, Carlos Lacerda, nega a informação. A Sesp promete a retirada dos sem terra do local até o final do mês.