Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram ontem de manhã uma marcha pelas ruas de Curitiba. A passeata fez parte da programação da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária.
Eles se concentraram no Parque Barigui e, às 7h, saíram em direção à sede da Superintendência Regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), passando pelas praças 29 de Março e Rui Barbosa. Outro grupo se dirigiu ao prédio do Ministério da Fazenda.
“Queremos um programa massivo e popular de reforma agrária. Desde que a crise econômica teve início, o governo federal cortou cerca de 40% dos recursos que deveriam ser aplicados na reforma. Reivindicamos reposição do orçamento e aplicação em infraestrutura social e produtiva”, disse o diretor estadual do MST, José Damasceno.
Os trabalhadores reivindicam que R$ 800 milhões do orçamento do Incra sejam descontingenciados pelo Ministério do Planejamento e aplicados na desapropriação e obtenção de terras, bem como nos assentamentos.
“Em todo o País são cerca de 90 mil famílias acampadas que esperam ser assentadas. Além disso, são cerca de 45 mil assentadas só no papel, pois não contam com investimentos em habitação, infraestrutura e produção.”
No Paraná, o MST reivindica o assentamento de cinco mil famílias, além de investimentos em assistência técnica nos assentamentos. O movimento pede crédito habitação, destitulação de 56 áreas de assentamentos tituladas em todo o Estado e criação de um programa de agroindústria para beneficiamento da produção da reforma agrária.
Os integrantes do MST devem permanecer em Curitiba até a próxima sexta-feira, quando diversas entidades de classe prometem realizar protestos contra a crise econômica mundial e o desemprego.
Da marcha de ontem participaram pessoas de todo o Estado. Manifestações semelhantes também aconteceram em Brasília (DF) – onde cerca de duas mil pessoas estão acampadas desde segunda-feira – e em outras partes do Brasil.
Representantes do Incra receberam uma comissão do MST ontem à tarde para conhecer a pauta de reivindicações do movimento. De acordo com a assessoria do órgão, ficou agendada uma reunião hoje, às 14h30, para discutir os assuntos da pauta.
Ainda segundo o Incra, os principais itens a serem discutidos são referentes aos processos de obtenção de áreas, a questão da titulação dos assentamentos e os assentamentos novos que devem ser viabilizados. O Incra informou também que as conversas acontecerão, mas o desenvolvimento das ações vai depender das negociações em Brasília.