A Fazenda Três Jota, de propriedade do deputado José Janene (PP-PR), foi ocupada ontem por cerca de 700 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Por volta das 5h30, os sem terra entraram na área de 192 hectares, no município de Guaravera, região de Londrina, dispostos a montar acampamento e permanecer por tempo indeterminado. Segundo o MST, a ação seria para denunciar a corrupção. Segundo o deputado, o pedido de reintegração de posse já foi protocolado. Porém, no final da tarde os manifestantes ainda estavam na área.
De acordo com José Damasceno, da coordenação estadual do MST, a ocupação da propriedade ?tem o objetivo de denunciar o uso de dinheiro público no acúmulo de patrimônio, nesse caso, principalmente de fazendas?. ?Não só essa como as outras nove fazendas são frutos do envolvimento do político em esquemas de corrupção. Portanto viemos exigir que a área seja destinada à reforma agrária?, afirma Damasceno.
José Janene afirmou que ontem mesmo o pedido de reintegração de posse já foi enviado à Justiça. ?Não tem o que fazer. Essa é uma propriedade pequena, não é suficiente nem para desapropriação. O motivo que os levaram a invadir essa área é o mesmo com que eles invadem áreas em todo o País. É uma ação sem pé nem cabeça?, diz o deputado.
Histórico
Janene é acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões do esquema comandado por Marcos Valério. Em maio, a Polícia Federal encontrou indícios de que esse montante teria sido usado na compra de imóveis, rurais e urbanos. No mesmo mês, a 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba decretou a indisponibilidade de bens – fazendas, imóveis urbanos e veículos, cujo valor declarado à Receita seria de R$ 2 milhões – e o bloqueio de ativos financeiros de assessores e da esposa do deputado. Além de pedirem que as fazendas do deputado sejam destinadas à reforma agrária, outra ?exigência? dos sem terra que ocupam a fazenda Três Jota é a cassação de Janene. O processo contra o deputado deve ser colocado em votação na Câmara dos Deputados somente depois das eleições.
Última
Recentemente, José Janene aguardava a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o recurso que pedia a suspensão do processo instaurado no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar e reconhecimento do direito de aposentadoria por invalidez. A decisão saiu na última quarta-feira, quando o recurso foi negado. O mandado de segurança em favor do deputado foi impetrado contra a decisão da Câmara, que suspendia a análise do pedido de aposentadoria por invalidez até a conclusão da representação junto ao Conselho de Ética.