O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi criado em 20 de janeiro de 1984, em Cascavel, Oeste do Paraná. Foi durante o 1.º Encontro dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que reuniu ativistas de 12 Estados (RS, SC, PR, SP, MS, ES, BA, PA, GO, RO, AC e RR).
A fundação oficial aconteceu seis anos depois da primeira invasão, em 7 de outubro de 1979, quando agricultores sem terra do Rio Grande do Sul ocupam a gleba Macali, em Ronda Alta.
Em 1981 o movimento já estava já organizado nacionalmente e aconteceu o 1.º Congresso Nacional dos Sem-Terra. Com o crescimento, o MST passou a ser além de um movimento social, um movimento político, que não só reivindica terras, mas também o fim modelo econômico neoliberal.
Ocupações de fazendas, sedes de organismos públicos e de multinacionais, destruição de plantações transgênicas, marchas, greves de fome e outras ações políticas colocaram o movimento no centro de várias crises. A principal delas é o massacre de 14 integrantes do MST por policiais militares em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.
No Paraná, causou grande repercussão a morte do sem-terra Antônio Tavares, durante confronto de manifestantes com a PM na BR-277, em Campo Largo, no dia 2 de março de 2000. Na ocasião, os sem-terra foram impedidos pela polícia de entrar em Curitiba, para onde seguiam em marcha para um protesto em frente à sede do Incra. No local foi erguido um monumento em homenagem ao agricultor.
Outro episódio protagonizado pelo movimento no estado foi a montagem de um acampamento na Praça Nossa Senhora de Salete, em Curitiba. Durante vários meses, em 2000, famílias sem-terra ficaram hospedadas em barracos de lona em frente ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo estadual, para protestar contra o governo de Jaime Lerner.
MST em números
Hoje o MST atua em 23 estados, envolvendo mais de 1,5 milhão de pessoas. Segundo o movimento, cerca de 350 mil famílias ligadas ao MST já foram assentadas, e outras 80 mil vivem em acampamentos.
A região Sul é a que mais sofre influência do movimento: 94% dos assentamentos são controlados pelos sem-terra ligados ao MST. A pesquisa indica que, no Paraná, o movimento se encontra em 90% dos assentamentos.
Produção
Pelos dados do MST, existem hoje cerca de 400 associações de produção, comercialização e serviços; 49 Cooperativas de Produção Agropecuária (CPA), com 2.299 famílias associadas; 32 Cooperativas de Prestação de Serviços com 11.174 sócios diretos; duas Cooperativas Regionais de Comercialização e três Cooperativas de Crédito com 6.521 associados. São 96 pequenas e médias agroindústrias que processam frutas, hortaliças, leite e derivados, grãos, café, carnes e doces.
As famílias que vivem nos assentamentos lançaram em setembro de 1999 as sementes Bionatur, produzidas sem a utilização de nenhum tipo de agrotóxico ou insumo químico. Há ainda diversas experiências de preservação de mata, como no Pontal do Paranapanema – SP, e a produção de ervas medicinais.
Educação
Cerca de 160 mil crianças estudam da 1.ª a 4.ª série nas 1.800 escolas públicas dos assentamentos. São cerca de 3.900 educadores pagos pelos municípios e desenvolvendo uma pedagogia específica para as escolas do campo. Em conjunto com a Unesco e mais de 50 Universidades, o MST desenvolve programa de alfabetização de aproximadamente 19 mil jovens e adultos nos assentamentos.
Estão em andamento, em sete Universidades (PA, PB, SE, ES, MT, MS e RS), cursos de Pedagogia e Magistério para formar novos educadores. Há também a formação de técnicos em administração de assentamentos, cooperativas e em magistério para colaborar com o trabalho desenvolvido nos assentamentos através da Escola Técnica Josué de Castro, em Veranópolis (RS). Em 2001 iniciou-se também o curso técnico em Enfermagem e em 2002, o curso em nível médio para militantes do setor de Comunicação.
Com o apoio do Ministério do Meio Ambiente foi desenvolvido um Programa de Educação Ambiental para lideranças, professores e técnicos de áreas de assentamentos. Em parceria com o fotógrafo Sebastião Salgado está sendo construída uma escola técnica ambientalista no município de Aimorés – MG. E através de um programa em conjunto com o governo cubano, 48 militantes do MST cursam hoje medicina na Escola Latino Americana de Medicina, em Cuba.