O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu na tarde de ontem a sede regional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Cascavel, no Oeste do Paraná. A mobilização, com aproximadamente 400 trabalhadores, avançou sobre o prédio do órgão de maneira pacífica. Os manifestantes, como nos demais protestos já realizados por todo o País, exigem a aceleração do processo de reforma agrária, entre outras reivindicações.
Com bandeiras e colchões e malas, os sem terra avançaram para o interior do prédio.
Keno Oliveira, da liderança regional do MST, disse que a ocupação da sede do Incra em Cascavel é por tempo indeterminado. "Vamos ficar aqui (Incra) até que haja o cumprimento do acordo com o governo federal", avisou.
Além de Cascavel, 21 sedes do Incra em 15 estados estão ocupadas pelo movimento. A Procuradoria Jurídica do Incra já encaminhou pedido de reintegração de posse dos prédios, incluindo o de Cascavel.
Julgamento
Os trabalhadores rurais sem terra Ademir Veigas e Marciano Zanrosso foram absolvidos por unanimidade, na noite de terça-feira, em julgamento realizado em Guarapuava, região central do Paraná. Os sem terra eram acusados de homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma, em dois processos criminais. Eles foram absolvidos num dos processos e o segundo julgamento está marcado para o dia 17 de outubro. O segundo processo envolve um terceiro trabalhador, Ivaldino Simões Rodrigues. A prisão dos três sem terra aconteceu em maio do ano passado.
Depois de desocuparem a Fazenda Barletta (ou Caracu), no final de 2003, as 270 famílias ficaram acampadas no Assentamento Bom Pastor por mais de um ano.
Durante o período no assentamento, as famílias usaram uma parte da Barletta para o plantio. Ao serem despejadas da área do assentamento, foi concedido um prazo de trinta dias para que as famílias providenciassem a colheita.
No entanto, devido ao mau tempo, o processo não pôde ser concluído no dia 18 de junho. No dia 19, algumas famílias tentavam terminar a colheita quando foram surpreendidas por funcionários armados, de acordo com o depoimento prestado por elas. Alcindo Cecílio acabou morrendo com um tiro. No episódio, Ivaldino Simões Rodrigues foi capturado pelos pistoleiros, que o amarraram, humilharam e lhe disseram que seria incriminado pela morte de Alcindo Cecílio.