Famílias do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast) afirmam que foram expulsas na madrugada de quarta-feira da fazenda ?Quem Sabe?, em Centenário do Sul, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A fazenda de 486,4 hectares foi decretada improdutiva em dezembro do ano passado e estava sendo ocupada pelos dois movimentos. Conforme a Polícia Militar de Centenário do Sul, há cerca de 100 famílias do MST e 39 do Mast ocupando a área. Segundo dados do Incra, se fosse desapropriada, a fazenda poderia abrigar 26 famílias no total.
Segundo o líder do Mast no Paraná, Valdir Antunes, integrantes do MST chegaram de madrugada e despejaram as famílias que estavam ocupando o local há dez dias. ?Eles estavam armados com revólver e espingarda. Jogaram a coisas na estrada e disseram que as pessoas só poderiam voltar para pegá-las com caminhão.? Ele afirma também que quatro agricultores ficaram como reféns por cerca de duas horas.
Anísio Cardoso, que faz parte da coordenação estadual do MST, afirma que não houve violência, tampouco tiro. ?Não houve conflito.? Segundo ele, o grupo de pessoas que estava na fazenda é um grupo de dissidentes do Mast. ?O que aconteceu foi uma discussão política para que as pessoas saíssem da área.?
Ele disse que a ocupação da área está vinculada ao plano de reforma agrária, desde que saiu o decreto de desapropriação. ?Nós estávamos há dois anos numa área de Miraselva. Saímos de lá numa negociação com a Secretaria de Segurança e viemos ocupar parte dessa fazenda?, afirma.
Para Antunes, é um absurdo a maneira como o MST está trabalhando para a reforma agrária no Paraná. ?Quero pedir às autoridades competentes que tomem iniciativas, porque o que está acontecendo na reforma agrária hoje é terrorismo. Os movimentos sociais devem organizar as famílias para o Incra assentar, não fazer despejo. Quem faz despejo é a Polícia Militar, com ordem judicial.?
Conforme o superintendente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, o proprietário da fazenda entrou na Justiça com o pedido de reintegração de posse neste ano e, até haver uma decisão, o órgão não poderá fazer nada no local.
Origem
Lacerda disse ainda que logo que saiu o decreto de desapropriação da terra, em final de 2004, o Mast fez um acampamento na frente da propriedade. ?Nesse meio tempo, o MST ocupou a fazenda e passou a ter uma animosidade entre os movimentos.? Segundo Lacerda, em abril, mais pessoas do MST saíram de outra propriedade e acabaram engrossando a ocupação. ?A informação que temos é que integrantes do MST saíram de uma propriedade numa negociação com a Sesp e em seguida ocuparam a fazenda.?
Conforme Antunes, o MST invadiu a fazenda quarenta dias depois que houve o decreto de desapropriação. As 39 famílias do Mast, diz ele, teriam ocupado a área há dez dias.
