Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixaram ontem, a agência do Banco do Brasil (BB), que tinha sido invadida na última segunda-feira, no município de Moreira Sales, no Noroeste do Paraná. Eles conseguiram que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) liberasse a última parcela do dinheiro destinado para a consolidação do assentamento. A verba deveria estar disponível desde o final do ano passado.
Cansados de esperar pelo dinheiro, os agricultores do assentamento Nossa Senhora Aparecida, da cidade de Mariluz, resolveram pressionar o órgão invadindo uma agência do banco na cidade vizinha.
Segundo o gerente Darci Goin, na segunda-feira ele ainda conseguiu manter a agência aberta, Mas na terça-feira, por volta das 14h, os trabalhadores rurais decidiram fechar as portas do banco, porque concluíram que o Incra não estava se empenhando para resolver o problema. Participaram da ação cerca de 300 trabalhadores. Parte do grupo passou a usar a sala de atendimento ao público e a ocupar o telefone e o fax do banco.
O superintendente do órgão no Estado, Celso Lisboa de Lacerda, foi terça-feira para Brasília e conseguiu liberar o dinheiro ontem. Com o anúncio da medida, os trabalhadores resolveram deixar a agência, normalizando o atendimento. "O banco ficou um dia fechado, mas os moradores entenderam", avalia o gerente.
O assentamento Nossa Senhora Aparecida foi criado em 2002 e depois que o Incra liberou os créditos para habitação e o de apoio – R$ 6,5 mil para cada uma das 235 famílias, cerca de R$ 1,5 milhão – o dono da área que estava sendo desapropriada resolveu questionar na Justiça o laudo de improdutividade da fazenda. O processo só terminou no ano passado e, neste período, a última parcela que deveria ser paga aos agricultores ficou bloqueada. Além disso, outro problema dificultava a liberação dos recursos. A primeira parcela paga aos agricultores deveria ter sido usada para a compra de equipamentos, mas eles gastaram com alimentação, e as notas não estavam sendo aceitas no banco para que o restante do dinheiro fosse liberado.
O problema só foi resolvido ontem. Cada uma das famílias receberá R$ 2,5 mil, totalizando R$ 587,5 mil. O assentado Anderson Kenor disse que os agricultores estavam pressionando porque já haviam comprado alimentos e insumos a crédito no comércio local, e agora precisavam saldar as dívidas. Anderson disse ainda que os agricultores conseguiram acesso ao Pronaf A – destinado a agricultores que acabaram de receber a terra – e até maio cada uma das famílias deve receber R$ 16 mil, totalizando R$ 3,760 milhões. A verba será usada na correção do solo, compra de sementes e outros insumos. O prazo de carência é três anos e os agricultores tem 10 anos para saldar a dívida.
PM acompanha saída de agricultores
A Polícia Militar acompanhou ontem, a saída dos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da fazenda Santa Terezinha, no município de Paranapoema. A Secretaria de Estado da Segurança Pública fechou acordo, na última terça-feira, com os invasores que prometeram deixar o local até o final da tarde de hoje. Segundo informações do 8.º Batalhão da Polícia Militar, durante o dia de ontem, parte das 1,3 mil pessoas que ocupam a área desde 2003 retiraram seus pertences do local e deixaram a propriedade. A saída dos integrantes do MST ocorre de modo pacífico. Ao todo, cerca de 1,5 mil policiais participam da ação que cumpre o mandado de reintegração de posse. Eles vão permanecer no local até a desocupação total da área.
De 2003 até hoje, a Secretaria de Estado da Segurança Pública já realizou 131 desocupações de áreas invadidas no Paraná. Todas elas, feitas de maneira pacífica. (AEN)