MST angaria famílias para acampamento na RMC

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fundou seu primeiro acampamento na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Fica às margens da BR-116, em Campina Grande do Sul. A área está sendo ocupada por 180 famílias e existem outras 560 cadastradas. Boa parte delas é gente pobre que vive em favelas ou paga aluguel nas cidades próximas à capital. Segundo um dos organizadores do acampamento, Joab Mendes de Oliveira, a idéia é criar outros acampamentos na região.

Os trabalhadores sem terra tiveram facilidade para entrar na fazenda chamada por eles de Chekiná, devido a uma disputa judicial entre dois proprietários. Armando França Nunes diz que comprou a terra em 1969, mas em 1985 apareceu outra pessoa alegando que a área era dele. Os dois brigaram na Justiça e mesmo Nunes tendo morado no local por mais de 30 anos acabou perdendo a causa. Para tentar garantir uma parte dos 258 hectares, abriu as porteiras para os sem terra, que estão convivendo com 40 posseiros que já haviam comprado pequenos pedaços de terras de Nunes.

Segundo Joab, no local podem ser assentadas cerca de 80 famílias e para acomodar os demais eles estão buscando outras áreas improdutivas e que tenham problemas na titulação da terra. ?O problema é comum na região?, afirma.

O acampamento denominado Antônio Conselheiro foi fundado em dezembro de 2005 e desde então não pára de chegar gente. Segundo Joab, mais da metade é de ex-agricultores, mas os demais são pessoas pobres que se cansaram da cidade.

Ana Jorlete Cordeiro, 46 anos, diz que vivia trabalhando como empregada doméstica, mas o que ela e o marido ganhavam não dava para sustentar a casa. Só não pagavam aluguel porque moravam à beira de um valetão no bairro Tatuquara, em Curitiba. Como o marido trabalhou até os 27 anos na agricultura resolveram voltar para o campo. Para sobreviver estão dependendo da cesta básica fornecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da ajuda dos filhos mais velhos.

Mas entre os cadastrados também tem gente com pouca ou quase nenhuma ligação com a terra. Ontem, Vanderlei Walton, 41 anos, estava fazendo o seu cadastro. Mora em Colombo na área de invasão Zumbi dos Palmares. Trabalha de porteiro e diz que o que ganha é pouco para pagar aluguel e sustentar a casa, embora seja proprietário de um carro em bom estado.

Segundo Joab, eles estão aceitando qualquer pessoa. Diz que o assentamento também precisa de mecânicos, padeiro, eletricista, entre outras funções. ?Eles vão atuar na padaria que pretendemos montar e manutenção de máquinas, por exemplo?, fala. No local, também pretendem trabalhar com a agricultura orgânica.

Mas, segundo o Incra, não existe pretensão de assentar ninguém na Região Metropolitana. O solo é pobre e existem várias restrições ambientais.

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