MST à frente da Semana pela Reforma Agrária

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de todo o Paraná estarão reunidos até amanhã em Curitiba para a Semana Nacional pela Reforma Agrária. O evento começou ontem com uma caminhada entre o Parque Barigüi e a Praça Tiradentes, centro da cidade. Ontem à noite, o MST e outras organizações sociais promoveram a palestra “O Brasil que temos e o Brasil que queremos”, no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Os trabalhadores querem agilidade na reforma e o cumprimento da meta de assentar 530 mil famílias até o final de 2006 em todo o Brasil.

Segundo José Damasceno, coordenador do movimento no Estado, a semana está voltada para a discussão de cinco eixos essenciais para a aplicação da Reforma Agrária. Entre eles, a luta pela reforma propriamente dita, a mudança do modelo econômico adotado atualmente na agricultura e crédito para a safra de verão.

Os integrantes do MST também reivindicam a ajuda do governo do Estado do Paraná a fim de pressionar a União para que os assentamentos realmente aconteçam. “Queremos que o governo do Paraná nos ajude a pressionar o governo federal, ainda mais sendo alinhado politicamente e por ter posicionamento favorável à Reforma Agrária”, afirma Damasceno.

O coordenador também destaca a necessidade do fortalecimento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “O órgão precisa assumir novamente o seu papel essencial nesse assunto. O Incra está carente de uma estrutura física e também de pessoal”, explica.

Damasceno conta que há 15 mil famílias acampadas no Paraná sob barracos de lona e 17 mil já assentadas. Para ele, a situação no Estado ainda não é crítica, mas funciona como uma panela de pressão. Não dá para esperar muito, pois a tendência é aumentar o número de pessoas em ocupações. “Em função do momento atual, essas 15 mil famílias dificilmente terão como sair dessa situação. É um caminho sem volta. Existe uma grande pressão social porque pode desencadear um processo de conflitos. Isso não interessa ao movimento, ao governo e à sociedade”, considera. “Para a Reforma Agrária acontecer e resolver o problema de vez, basta ter vontade política”, avalia Damasceno. Ele acredita que a reforma é a saída para acabar com o desemprego, a concentração de renda e a pobreza.

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