O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Londrina deve cobrar judicialmente, em ação civil pública, R$ 73 milhões por dezenas de irregularidades trabalhistas na fábrica da Big Frango em Rolândia, pertencente ao Grupo JBS.
Em maio, a Operação denominada “Uma Grande Escolha” reuniu MPT, INSS, Receita Federal e Advocacia Geral da União para investigar a fábrica da empresa, onde trabalham 3,5 mil funcionários. Na época, foram aplicadas 75 multas administrativas no valor de R$ 15 milhões.
Na fábrica, quase 500 mil aves são abatidas diariamente. A Big Frango exporta congelados para mais de 60 países. Somente no primeiro trimestre de 2015, a JBS registrou lucro de R$ 1,4 bilhão, valor 20 vezes maior que o lucro do mesmo período de 2014.
Segundo as investigações do MPT, são numerosos os fatos sobre excesso de jornada, afastamentos por doenças e más condições de segurança nas máquinas de corte. No total, 32 equipamentos chegaram a ser interditados na operação.
Em 2014, de acordo com o Ministério do Trabalho, os funcionários da Big Frango de Rolândia utilizaram 2.033 consultas médicas por causas ligadas ao ambiente de trabalho. No total, foram 70.279 atendimentos de enfermagem – quase 225 por dia.
Na ação civil pública, o MPT aponta que os funcionários eram submetidos a jornadas de até 18h, com ritmo de trabalho três vezes superior ao adequado. Em uma pesquisa interna, 85% dos trabalhadores relataram sentir dores no serviço. Quase 50% deles declararam que trabalham com frio. A situação deles chegou a ser comparada com a dos trabalhadores das fábricas durante a Revolução Industrial.
Detalhes serão revelados
O procurador do Trabalho Heiler Natali, coordenador da Operação Grande Escolha, vai detalhar os termos da ação civil pública em coletiva à imprensa nesta sexta-feira (4), na sede do MPT de Londrina.
A reportagem procurou o Grupo JBS, mas a assessoria de imprensa da empresa não foi localizada para comentar o assunto no início da noite desta quinta (3).
