Defesa

MP briga na Justiça por direito de menores infratores

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) ingressou na Justiça contra o Estado, neste mês, para evitar que outros adolescentes passem mais tempo do que o previsto em cadeias públicas.

As situações mais graves foram em Almirante Tamandaré e Apucarana, onde a espera de cinco dias por uma transferência chegou a quase oito meses. De acordo com o promotor de Justiça Murillo José Digiácomo, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente do MP-PR, a culpada por essa espera não é apenas a falta de vagas em unidades socioeducacionais.

“Não adianta ampliar o número de vagas de internamento. Temos que criar alternativas para prevenir a prática de infrações e evitar que tenhamos que aplicar medidas privativas de liberdade”, ressalta.

Fabiano André Ferreira, assessor jurídico da Secretaria de Estado da Infância e Juventude, concorda. “O juiz às vezes envia o adolescente diretamente para internação porque não encontra medidas em meio aberto no município”, afirma.

Segundo Fabiano, o sistema socioeducativo paranaense está quase no limite de lotação, mas pelo menos 30% dos adolescentes internados poderiam estar fora das unidades, cumprindo medidas em meio aberto.

Digiácomo defende que a responsabilidade dos municípios é grande na criação de políticas públicas de prevenção. Por lei, o município deve criar medidas em meio aberto, enquanto o Estado tem a incumbência de estruturar a internação, que seria a “UTI” para a recuperação do adolescente.

“É especialmente necessário manter os adolescentes nas escolas, atender as famílias, fazer a prevenção do uso de drogas, promover o tratamento dos dependentes químicos e desenvolver programas socioeducativos em liberdade”, pontua.

Casos

Segundo o promotor, as ações contra o Estado pretendem incentivar o poder público a agir na prevenção. “Ninguém nasce com a arma na mão. É uma trajetória de abandono e acesso ao crime que leva a esse ponto. O que ele vai aprender na delegacia? Vai sair pós-graduado no crime, e não recuperado”, afirma Murillo.

Fabiano informa que foi feita uma nova programação da readequação de vagas devido a uma reforma no Centro Sócio Educativo de Curitiba, que causou o atraso na transferência dos adolescentes de Almirante Tamandaré.

Porém, os casos na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e no litoral são mais raros do que as situações no interior do Estado, onde são poucas as unidades socioeducativas.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna