Dez movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Via Campesina, entregaram ontem uma carta cobrando a construção de políticas públicas à agroecologia nacional ao governo do Estado. A entrega aconteceu durante a 6.ª Jornada Nacional de Agroecologia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel. Dentre as reivindicações, estão o estímulo à produção agroecológica, o fortalecimento da educação no campo e políticas públicas contra o plantio de transgênicos e uso de agrotóxicos.
A carta foi elaborada pelos quatro mil participantes do evento, que começou na última quarta-feira e termina hoje. O coordenador-geral da 6.ª Jornada e dirigente do MST, Roberto Baggio, afirmou que o documento sugere apoio à produção agroecológica, políticas públicas contra os transgênicos e agrotóxicos, utilização dos recursos naturais, crédito e infra-estrutura rural, beneficiamento, processamento e comercialização.
O documento pede ainda realização de campanhas educativas sobre os riscos dos transgênicos para saúde, meio ambiente, economia e a soberania alimentar, e a revogação da liberação do milho transgênico pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – a liberação aconteceu em 16 de maio último.
Syngenta
Os protestos contra os experimentos na fazenda da multinacional Syngenta Seeds, que também foram pauta do evento, não evitarão que o governador Roberto Requião amargue prejuízos em vista da saída em etapas dos integrantes da Via Campesina durante esta semana. O governador deverá pagar a multa diária de R$ 2 mil (que soma hoje R$ 8 mil) por não ter promovido a remoção total dos sem terra da área dentro do prazo estipulado pela Justiça, que venceu na última terça-feira.
Ontem, o desembargador Paulo Hapner, do Tribunal de Justiça (TJ), também emitiu ofício solicitando informações a Mussi sobre a decisão de reintegração de posse da área à Syngenta. O objetivo é ter embasamento para avaliar os recursos impetrados por Requião e pela Via Campesina que pedem a suspensão da liminar que garante a posse das terras à multinacional.
Para o encerramento do evento, hoje, está programada passeata que terá como ponto final o assentamento vizinho à fazenda, para onde os sem terra estão transferindo o acampamento. Em face de rumores sobre um possível bloqueio, Requião avisou que se algum manifestante contrário ao movimento tentar impedir a caminhada, será preso e processado pelo Estado.