Nos próximos dias será divulgado, a nível estadual, um manifesto do Vale do Piquirivaí em defesa da autonomia do campus que a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) mantém em Campo Mourão. O documento será apenas a primeira medida de um conjunto de ações e de uma ampla mobilização dos 25 municípios da região contra a recente aprovação do estatuto da instituição, que acaba com toda a autonomia das 11 faculdades estaduais isoladas transformadas no ano passado em campus da instituição sediada em Jacarezinho.

O lançamento do movimento foi decidido em reunião promovida ontem (1/10) pelo prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli, que teve a participação de prefeitos e representantes de boa parte dos municípios da região. Também a direção da Unespar/Fecilcam, lideranças empresariais, vereadores e de representantes dos mais de 2,4 mil acadêmicos da instituição local participaram do encontro realizado no Paço Municipal “10 de Outubro”.

A indignação regional é devido ao retrocesso imposto pelo estatuto da Unespar aprovado na última final de semana. Pelo documento aprovado, que ainda depende da sanção do governador Jaime Lerner, as antigas faculdades isoladas transformadas em campus passam a ser meras extensões, sem qualquer autonomia administrativa, financeira e pedagógica. O estatuto destaca apenas que a instituição é “descentralizada geograficamente”. Segundo integrantes da delegação mourãoense, que abandonou a reunião realizada em Jacarezinho, em protesto pela falta de diálogo, não houve qualquer discussão em torno do regimento interno que norteou os trabalhos e todo o processo é viciado.

A redução no orçamento da Unespar foi o primeiro reflexo da centralização. Este ano a instituição de Campo Mourão tem um orçamento de R$ 3.048.000,00 e para 2003 é de apenas R$ 2.769.000,00. “Não tivemos qualquer acesso ao orçamento, que não é suficiente sequer para pagar a folha de pessoal e a luz”, alerta o diretor da Unescam/Campo Mourão, Rubens Luiz Sartori.

“Quando o Governo do Estado criou a Unespar, a região de Campo Mourão tinha o maior movimento em todo o Paraná para transformar a sua faculdade estadual em universidade”, explica o prefeito de Campo Mourão. O projeto, aprovado pela Assembléia Legislativa, foi vetado por Jaime Lerner, que acenou com a transformação da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam) em um centro universitário. “Na época da criação da Unespar, houve o compromisso de se preservar a autonomia dos campus. Exigimos o respeito das autoridades competentes pelo que representa esta região a nível estadual e pelos significativos avanços alcançados com muita luta pela Fecilcam, que hoje serve de modelo no Paraná”, salienta Tauillo Tezelli.

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