Tormento

Motoristas irritados com obras intermináveis no Contorno Leste

Criado para fazer a ligação mais rápida entre as rodovias que cruzam Curitiba – unindo as BRs 116, 376 e 277 -, o Contorno Leste não tem cumprido a sua função. O que se vê por lá são filas quilométricas, formadas principalmente por caminhões, e muita lentidão. As obras no local têm deixado os motoristas impacientes e ocasionado congestionamentos também nas opções para fugir da via, como a Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais. A Autopista Litoral Sul, concessionária que administra o Contorno Leste, garante que o tormento dos motoristas deve terminar daqui a dois meses.

O caminhoneiro Josué Peruchi vinha de São Francisco, em Santa Catarina em direção à Lapa (distante 50 km de Curitiba) pelo Contorno Leste. Ele considera importante a realização das obras, mas acha que “fazem tudo de uma vez só, deviam fazer trechos menores”. Ele conta que demora entre duas e três horas no trecho. “Hoje ainda estou descansado, mas tem dia que venho à noite e é muito pior”, comenta.

Alternativa

O técnico em automação Wagner Henrique Batista vem de Jundiaí, em São Paulo, e a cada 12 dias atravessa o Contorno Leste. “Antes era rápido, agora demoro quase duas horas”, diz. Como alternativa, segundo ele, poderia atravessar a Linha Verde. “Mas é bem mais longe, não compensa”, afirma. Apesar de concordar com as reformas, ele acredita que “devia ser administrado melhor o fluxo, principalmente o de caminhões. Devia ficar alguém para deixar passar 10 minutos de um lado, 10 minutos de outro”.

Bob Mauricio Schaliski saiu de Blumenau (SC), com direção a Ipiranga (PR), e também passou pelo Contorno. “Antes era bem mais rápido, mas estava precisando mesmo de reforma”, diz.

Serviço completo até julho

A Autopista Litoral Sul informa em nota que está investindo R$ 35 milhões em obras de reconstrução do pavimento no Contorno Leste. Os trabalhos são realizados em pontos do trecho entre os kms 71,7 e 115,5, em ambos os sentidos. Segundo a concessionária, a reconstrução do pavimento visa oferecer mais segurança e conforto ao usuário. Ainda de acordo com a nota, durante as intervenções os segmentos em obra operam com uma faixa bloqueada e a outra liberada para o tráfego. A Autopista Litoral Sul afirma que os trabalhos foram iniciados em julho de 2012 e serão concluídos em julho deste ano.

Fila de 10 quilômetros

Aliocha Maurício
Davi: demora.

O representante comercial Davi Francisco Militão Pacheco vem de Joinville para Curitiba a cada 60 dias. Ele pega o Contorno Leste, pois tem receio de se perder no centro da cidade. Para andar 500 metros entre as alças da BR-376 até o contorno, demorou 20 minutos. “Tem muitos caminhões pesados, que carregam muita carga e danificam o asfalto, então é necessária a reforma”, avalia.

O fiscal de roçada Jair Faria trabalha na Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais. Depois que começaram as obras no Contorno Leste, o tempo que leva para ir para casa, no Jardim Brasil, dobrou. “A partir das 16h começa o trânsito terrível e de manhã também”, revela.

Filas

De acordo com o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Pedro Diniz, em horários de pico, principalmente entre 17h30 e 19h, as filas no Contorno Leste chegam a 10 quilômetros. Ele afirma que o trecho mais crítico é na divisa entre o contorno e a BR-376, nos km 102 e 103. Sobre alternativas para fugir da via, Diniz diz que “não existem rotas óbvias para quem não é da Região Metropolitana de Curitiba”.