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Desviar de buracos não é tarefa
fácil para os motoristas.

Transitar pela Estrada da Ribeira, no trecho que liga Curitiba a Colombo, na Região Metropolitana, é sinônimo de risco de vida. A estrada está repleta de buracos, não possui sinalização horizontal, tem sinalização vertical insuficiente e não conta com acostamento.

"A situação do asfalto é muito ruim e torna a estrada bastante perigosa, principalmente perto do trevo do Atuba (em Curitiba)", comenta o motoqueiro Francisco Antônio de Carvalho, que passa pelo trecho entre a capital e Colombo cerca de duas vezes por semana. "Nunca fui vítima de acidente, mas dá medo passar pela estrada."

O músico Marcelo Costa da Silveira mora em Colombo e se desloca para a capital todos os dias. Há duas semanas, ele não conseguiu desviar de um buraco e um dos pneus dianteiros de seu carro estourou. "Eu estava devagar, pois tinha acabado de passar por uma lombada, e por isso não sofri nada grave. Só tive o prejuízo financeiro com o conserto do pneu, mas sei que muita gente que passa pela estrada não tem a mesma sorte", afirma.

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Em um trecho próximo ao supermercado Pão de Açúcar, os acidentes são constantes. Segundo o comerciante Claudemir Machado de Jesus, que trabalha em um estabelecimento no local, é difícil haver um dia em que não aconteça um atropelamento, uma colisão ou um motoqueiro sofra uma queda. "Geralmente os acidentes ocorrem em horários de pico, no início da manhã e após as 17h. Nesses períodos é que a estrada fica mais movimentada", revela.

No local, os pedestres também reclamam. Muitos levam mais de cinco minutos para conseguir cruzar as pistas. A empregada doméstica Marlete Gregório da Silva atravessa a estrada todos os dias, geralmente na companhia das filhas de 6 e 11 anos. "Acho que falta um sinaleiro nas proximidades do supermercado, pois é muito difícil para as pessoas conseguirem atravessar. Nunca deixo que minhas filhas cruzem a estrada sozinhas, pois os motoristas também não costumam respeitar os pedestres", diz.

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Dnit

O engenheiro supervisor da unidade local de Colombo do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Ronaldo de Almeida Jares, informa que constantemente, em parceria com a Prefeitura de Colombo, são realizados serviços de conservação no trecho de Curitiba a Colombo. Porém, já estão em Brasília (DF) dois contratos – de conservação e restauração com melhoramentos da estrada – para serem aprovados.

A expectativa é de que obras no trecho comecem a ser realizadas a partir de março do próximo ano. Do Atuba até o bairro Alto Maracanã, em Colombo, está prevista a duplicação da estrada. Para que isso possa acontecer, algumas pessoas estão sendo notificadas a fazer o recuo de suas casas e estabelecimentos comerciais. "De dezembro do ano passado a agosto deste ano, dezesseis pessoas, a maioria comerciantes, foram notificadas", informa o engenheiro. Segundo ele, todas as pessoas notificadas têm construções de madeira, o que facilita o trabalho.

Asfaltamento

A Estrada da Ribeira começa em Adrianópolis. Naquele município, 28,3 quilômetros não são asfaltados, o que gera problemas principalmente em dias de chuva forte, quando carros, ônibus e caminhões acabam encalhando. De acordo com Ronaldo, o asfaltamento já está sendo realizado pela empresa J. Malucelli e deve ser concluído até o final de março de 2005.

Feirão de automóveis complica aos domingos

Aos domingos, outro fator que tumultua o trânsito na Estrada da Ribeira é um feirão de automóveis, que acontece às margens da rodovia, no bairro Guaraituba, em Colombo. No local, pessoas que querem vender ou comprar automóveis se reúnem, comprometendo a segurança de pedestres e motoristas.

"Há cerca de dois meses, devido ao feirão, um caminhão quase atropelou uma criança. Foi por muito pouco que o acidente não aconteceu", comenta a dona de casa Maria Eliza Lunardon, que mora nas proximidades da Estrada da Ribeira e diz se incomodar bastante com o comércio de veículos.

O feirão geralmente tem início dentro de um terreno particular, onde é cobrada uma taxa de R$ 3 para que as pessoas que querem vender seus veículos os deixem em exposição durante todo o dia. Porém, muita gente não quer pagar a taxa e acaba deixando seus veículos em exposição nas margens da rodovia.

"Isso atrapalha muito o trânsito", afirma a dona de casa Verônica Krisanoski, que também mora nas proximidades da estrada. "Nos domingos, tenho muita dificuldade de sair de casa com o carro. Mesmo a pé, é bastante complicado atravessar no trecho em que acontece o feirão. É tudo muito desorganizado."

As moradoras também reclamam do barulho do feirão e da sujeira deixada por vendedores ambulantes, que aproveitam o acontecimento para comerciar frutas, caldo de cana, algodão doce e outros produtos. "Na segunda-feira de manhã, fica um monte de lixo às margens da rodovia", conta Maria Eliza.

Prefeitura e Polícia Rodoviária

A Prefeitura de Colombo, através da assessoria de imprensa, informa que o feirão não é regularizado, acontecendo de maneira informal. Segundo o município, o feirão acontecia no bairro Alto Maracanã, mas há dois anos a Prefeitura coibiu a atividade no lugar, que passou a acontecer no bairro Guaraituba. Nesse local, porém, a Prefeitura ainda não realizou qualquer ação para evitar a atividade.

No que diz respeito ao trânsito, o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Vilmar de Cristo, revela que não há registro de acidentes em função do feirão. Segundo ele, policiais são deslocados à Estrada da Ribeira, de acordo com a disponibilidade de efetivo, para orientar motoristas e pedestres nos dias de forte comércio de veículos.

A reportagem não conseguiu identificar os responsáveis pelo terreno particular onde acontece o feirão e pela cobrança da taxa de exposição dos veículos. (CV)