Motoristas e cobradores da Autoviação Mercês estão de braços cruzados desde as primeiras horas da manhã deste sábado (21). Nenhum ônibus das linhas operadas pela empresa está na rua. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Dino César Morais de Mattos, a empresa não pagou a segunda parcela do décimo terceiro, nem o adiantamento salarial de janeiro, até o fim da noite de sexta-feira (20).
A Autoviação Mercês, que possui 550 funcionários e 120 ônibus, opera linhas do Interbairros, o ligeirinho Bairro Alto, alimentadores que circulam em Santa Felicidade, além de trechos em Campo Magro e alguns ônibus da Linha Turismo. As linhas que contam somente com veículos da empresa estão sem operação. O terminal mais afetado pela falta de ônibus é o de Santa Felicidade.
Funcionários da autoviação disseram que dois diretores falaram com os trabalhadores e explicaram que a empresa não tem condições de efetuar o pagamento. Eles alegaram que não receberam o repasse do consórcio do transporte coletivo e da Urbs. Ainda de acordo com a direção, cada ônibus que sai da garagem causa prejuízo e a decisão de paralisar é até benéfica. O chefe de tráfego da Mercês, Alcides Casemiro, disse que todos os funcionários, incluindo administrativos, estão sem receber.
Átila Alberti |
---|
Todos os funcionários da Autoviação Mercês, incluindo administrativos, estão sem receber. |
“O que chateia o pessoal é que não há expectativa de solucionar o problema. Eles afirmaram que não tem um centavo na conta”, afirmou decepcionado. O Sindicato da categoria convocou os trabalhadores da tarde e da noite para uma assembleia, ao meio-dia, em frente a empresa para decidir os próximos passos. Além da Autoviação Mercês, havia o temor de que a Araucária Transportes Coletivos também não efetuasse o pagamento do décimo terceiro, mas o Sindimoc confirmou que os trabalhadores da Araucária receberam. Dino de Mattos lamentou a situação e disse que preferia outro desfecho. “Eu gostaria que estivesse tudo certo e nada precisasse ser feito. Nenhum trabalhador merece ficar sem o décimo terceiro salário”.
De acordo com o vice-presidente do Sindimoc, uma assembleia será realizada nas primeiras horas da manhã de segunda-feira (23), em frente as sedes das empresas do transporte coletivo. A expectativa é de que se não houver o pagamento, todos os cobradores paralisem os trabalhos. Alcides Casemiro acredita que a greve vai ser geral. “Eu acho que para chamar a atenção dos patrões, todo mundo tem que parar”, sentencia.
Reação do município
A Prefeitura de Curitiba, por meio da Urbs, notificou na manhã deste sábado os consórcios que fazem a operação do transporte coletivo para que normalizem a circulação dos ônibus. A nota oficial informa que o município tomará medidas judiciais para assegurar o cumprimento do contrato.
“Para a Prefeitura, qualquer iniciativa das empresas para impedir a circulação dos ônibus será entendida como tentativa de locaute e quebra de contrato. O fato será formalmente comunicado ao Ministério Público”.
Ainda segundo a nota, um plano de contingência está sendo executado pela Urbs para compensar a falta dos ônibus nas linhas operadas pela Autoviação Mercês.