Motoristas de ônibus recorrem contra multas

Motoristas de ônibus da Expresso Azul, empresa que atende Curitiba e outros municípios da Região Metropolitana, vêm questionando a cobrança de multas supostamente irregulares. Eles entraram com recurso junto a Urbs, alegando que a velocidade registrada pelo radar eletrônico (pardal) é maior do que a do tacógrafo.

“Todo cidadão curitibano que conduz veículo nas vias da capital e que passam pelo radar são lesados. Estão sendo assaltados legalmente”, dispara Jucinei Matuchaki, motorista de ônibus há 12 anos. Ele conta que foi multado no dia 14 de junho, às 8h39, na Rua Ivo Zanlorenzi, quando fazia a linha Pinhais?Campo Comprido (Ligeirinho). Na infração, consta que Jucinei estava a 68 km/hora, mas o tacógrafo acusa 48 km/h. “No que o povo se baseia se não é no velocímetro do carro?”, questiona.

O motorista Antônio Carlos Thomazetti tem história semelhante: foi multado no dia 13 de maio, às 16h20, quando fazia a mesma linha. A velocidade do tacógrafo foi de 53 km/h, enquanto do pardal, 73 km/h. “O radar só deve estar errado. O tacógrafo é aferido pela empresa”, diz. Antônio Carlos entrou com recurso, mas mesmo assim teve a multa descontada em folha de pagamento: foram quatro parcelas de R$ 26,00. “A última paguei em setembro”, conta. A infração para excesso de velocidade em até 50% é de R$ 127,69 e desconto de cinco pontos na carteira.

“Se eu estivesse nessa velocidade já teria pego um gancho, pelo menos um dia de suspensão”, acredita Antônio Gentil, motorista que também questiona a cobrança de multa. Na infração, consta que Gentil estava a 77 km/h no dia 20 de maio, às 10h53. O tacógrafo, no entanto, registrou 55 km/h. “Foi a minha primeira multa”, conta. Gentil também teve o valor da infração descontado em folha de pagamento. A história se repetiu ainda com o motorista Áureo Mathias, que foi multado em junho por excesso de velocidade. O pardal acusou 68 km/h, mas o tacógrafo, 50 km/h.

Paradoxo

Para o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Denílson Pires, a utilização do tacógrafo é um paradoxo, pois ao mesmo tempo que seu uso é exigido por lei, por outro não é aferido nem pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), nem pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

Em junho, cinco empresas de ônibus levaram alguns de seus veículos ao autódromo, em Pinhais, para que os tacógrafos fossem aferidos pelo Ipem. O resultado mostrou que todos os equipamentos estavam em concordância. Segundo o presidente do Sindimoc, a Expresso Azul não compareceu no dia da aferição. Ele falou ainda que a cobrança de multas dos motoristas, enquanto os recursos estiverem em curso, é ilegal. A Expresso Azul se comprometeu com o sindicato a rever as cobranças. Desde o dia 1.º de janeiro de 2003, o Sindimoc já entrou com 402 recursos de multas.

Urbs

A Urbs informou, por meio da assessoria de imprensa, que os motoristas de ônibus estão sujeitos à mesma fiscalização eletrônica que os demais motoristas. Informou ainda que a finalidade do tacógrafo é medir a quilometragem e não para indicar a velocidade. “Os radares são aferidos pelo Inmetro, instituto nomeado pelo governo federal para garantir a idoneidade do sistema em todo o País, ao contrário dos tacógrafos”, afirmou a assessoria.

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