As novas regras estabelecidas pela Diretran para regularizar o estacionamento de motos em Curitiba não agradaram motociclistas e empresas do setor. Apesar da ampliação de 54 para 193 áreas de estacionamento – 127 no anel central e 12 nos bairros Portão e Bigorrilho – eles reclamam que a medida vai dificultar o trabalho de entregas, pois ficam proibidos de estacionar em áreas destinadas a automóveis. Quem descumprir a medida pode receber multas de R$ 53,20, previstas no Código Brasileiro de Trânsito, e perder três pontos na carteira de habilitação.

Para o diretor de uma empresa que concentra 120 motociclistas, Marcelo Martins, as mudanças vão prejudicar o trabalhos dos entregadores, chamados de motoboys. “Apesar do estacionamento para motos não ser pago, a limitação de espaço vai atrapalhar no dia-a-dia de quem faz entregas”, afirma Martins. Ele acrescenta ainda que a medida poderá causar prejuízos para o setor, pois no caso de entrega de alimentos, o produto pode chegar fora dos padrões de temperatura.

“Se o entregador tiver que andar duas ou três quadras para fazer a entrega, a comida pode esfriar e isso vai desagradar o cliente, que não irá contratar mais nossos serviços”, disse o empresário. Outro problema grave será o aumento de furtos de motocicletas. Segundo Marcelo Martins, nos últimos dois anos, esse fator cresceu 30%, e agora pode dobrar. “Quanto mais tempo o profissional demorar para pegar a moto, mais chance ele dará para um marginal levar seu equipamento”, falou.

Mobilização

O motociclista Edson da Silva Coelho acredita que a medida irá afetar 60% do seu rendimento diário. Isso porque haverá necessidade de uma mobilização maior para a realização do trabalho. “O tempo máximo que ficamos estacionados é de trinta minutos, e além disso, não ocupamos muito espaço em uma vaga”, afirmou. Ele reclama que a categoria não foi consultada sobre o assunto e disse que ficou sabendo da medida após conversar com uma orientadora de trânsito.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Condutores de Veículos, Motonetas, Motocicletas e Similares de Curitiba e Região Metropolitana, Tito Mori, afirmou que a entidade irá analisar a gravidade da situação, para depois tomar alguma medida. Ele também reclama que não foi consultado sobre a decisão e acha que isso não irá resolver o problema de estacionamento nas ruas da cidade, que possui ao todo 7.240 vagas regulamentadas.

Sindicato

Segundo o presidente do sindicato dos motoboys, Tito Mori, a medida é inaceitável pela classe que vai aguardar quinze dias um retorno da Ubrs e das autoridades envolvidas para rever o assunto. Caso contrário, vai ser realizada uma passeata no centro da cidade. “Queremos que em cada quarteirão seja reservado no meio um espaço para 10 motos estacionarem, com isso, poderemos realizar nosso trabalho com eficiência. Esta medida atual é uma total discriminação à classe”, acrescenta Mori.

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