Estudantes da Faculdade de Artes do Paraná realizam neste mês, no Memorial de Curitiba, a terceira versão da Mostra da FAP, iniciada anteontem e que vai até o dia 24. A mostra reúne trabalhos dos alunos de Artes Visuais, Artes Cênicas, de Música e de Dança, que podem ser vistos no teatro Londrina, na Sala de Exposições, no Mezanino, além de outros locais próximos ao Memorial, como o TUC, na Galeria Júlio Moreira, no Solar do Barão e também as Arcadas de São Francisco.

Entre os trabalhos apresentados, estão alguns feitos em comunidades carentes por estagiários, como o dos estudantes do quarto ano de licenciatura de Artes Cênicas, nos meses de junho e julho. Os estudantes, divididos em quatro grupos e sob orientação do professor arte-educador Paulo dos Santos, apresentaram oficinas de expressão corporal, de interpretação, de teatro de bonecos com material reciclável e sucatas e de jogos teatrais, para crianças no Centro Comunitário Santa Clara, uma comunidade carente no Jardim Belizário, próxima do quilômetro 18 da Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré, vinculada à Paróquia Nossa Senhora da Conceição.

Segundo o coordenador do centro, Renato Ferro Sofiati, são atendidas 60 famílias,dos bairros Mata Dentro, Casa Branca, Tranqueira e Campo Grande, num total de 150 pessoas. “Estas pessoas participam de diversas atividades, como recreação, aulas de artesanato, cursos de música e instrumentos, missa, almoços gratuitos todos os sábados, no bazar beneficente”, diz ele. Sofiati foi quem procurou os estudantes da FAP para que fossem realizar o trabalho de estágio em sua comunidade, na forma de parceria.

O trabalho acabou revelando um outro universo para os estudantes do quarto ano de Artes Cênicas da FAP. Segundo a estudante Osneli Maria Bittencourt dos Santos, dezenas de crianças foram colocadas pela primeira vez em contato com técnicas teatrais. “Muitas delas revelaram que nunca foram ao teatro, mas que achavam a expressão teatral muito mais rica que a televisão, porque tudo que acontece está na frente da gente”, diz Osneli Bittencourt. “Esta reação mostra o quanto o teatro pode expandir se deixar as salas do centro e procurar a periferia, onde existem crianças e adultos interessados nesta arte”, afirma.

Trabalhos

O resultado das oficinas está sendo apresentado na Mostra na FAP na forma de registro documental, de fotografias. Este trabalho é apenas um dos realizados este ano pelos alunos da instituição. Entre muitos outros, podem ser vistas durante a Mostra apresentações de A Espera em Três Atos, com o Grupo Gustavo Klimt e Aqueles Dois ou Quando o Sol Parece uma Gema de Ovo Frito no Azul do Céu, pelos estudantes do segundo ano de bacharelado em Artes Cênicas, Disparate, com o Grupo de Dança da FAP, recitais de piano, sax e canto, mostra de vídeo-arte, e muitas palestras. Entre os palestrantes estão Claudinho Brasil, com Uma viagem Musical: do Primitivo ao Contemporâneo, com Giovani Cesconeto e Mara Rangel, Teatro: Arte-Educação, além de mesa redonda sobre Os Limites da Música Contemporânea.

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