O Dia de Finados é um feriado religioso. Hoje, os católicos rezam para celebrar a vida eterna dos parentes e amigos que já morreram e visitam cemitérios matar um pouco da saudade. Milhares de pessoas devem passar pelos cemitérios de Curitiba nesta terça-feira.
A Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na Praça Tiradentes, em Curitiba, terá três missas hoje: 8h30, 10h e 18h. A primeira dela será celebrada pelo arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr Vitti.
De acordo com o cônego Genivaldo Ximendes da Silva, vigário-geral da Arquidiocese de Curitiba e pároco da Catedral, o Dia de Finados é um momento especial de lembranças. Mas também de reflexão sobre as próprias ações.
“Devemos refletir sobre como estamos vivendo, quem somos, onde vamos e o que fazer para conseguir a vida eterna”, afirma. Hoje, quem participa das missas, faz orações e se confessa, consegue as indulgências plenárias. Ou seja, remove as penas dos pecados cometidos.
Silva explica que, para os católicos, a morte é a passagem para a vida plena. “A morte é um processo natural do ser humano. A pessoa cumpre a sua missão e volta a Deus. A morte não é o fim de tudo. Ela se torna uma passagem para a vida eterna. Cristo nos mostrou isto não só pela pregação, mas porque ele mesmo ressuscitou”, comenta o cônego.
Interpretações
Cada religião tem a sua interpretação sobre a morte. Os espíritas, por exemplo, não usam a palavra morte. A correta é desencarnar. No Espiritismo, o corpo é apenas um veículo para que o espírito permaneça na Terra.
Assim que desencarna, o espírito volta para o mundo espiritual. O espírito recebe ajuda de outros preparados para se recuperar e se preparar para o mundo espiritual.
Somente depois de muito tempo o espírito encarna novamente. Não há qualquer ritual para o Dia dos Finados, mas para o coordenador de estudos da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE), Nelson José Wedderhoff, esse é um dia para reflexão sobre a vida.
“As pessoas devem aproveitar enquanto elas estão aqui na Terra. Devem refletir que precisam aproveitar mais a vida, porque a vida segue para quem já foi”, afirma.
A Umbanda também utiliza o termo desencarnar para designar a morte. Os umbandistas acreditam que a morte é apenas uma passagem, com a procura pela evolução espiritual.
“Não existe qualquer obrigação para o Dia de Finados. Mas quem fica sente falta e a gente não pode tirar o sentimento das pessoas”, comenta Fernando Guimarães, do Terreiro de Umbanda Pai Maneco, no bairro Santa Cândida, em Curitiba.
Para evangélicos, morte é consequência do 1.º pecado
Para os evangélicos, a morte física é uma consequência do pecado do Jardim do Éden. “A morte não é o fim. Pelo contrário, é o início da vida eterna. O corpo volta para a terra e a alma volta para Deus. Acreditamos que haverá ressurreição”, esclarece Silas César da Silva, pastor sênior da Comunidade Evangélica Atos, na Vila Hauer.
Os muçulmanos encaram a morte como a porta de entrada para o mundo espiritual e o início da vida eterna. Eles devem lotar o cemitério muçulmano hoje, de acordo com o vice-presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, Gamal Oumairi.
Mas este não é o único ritual envolvendo os mortos. Quem segue o Islamismo têm como tradição visitar os cemitérios todas as sextas-feiras, ou pelo menos uma vez por semana.
Nestes momentos, são lidos trechos do Alcorão e feitas orações. “Por hábito, sempre recordamos, e não somente em uma data”, revela. Na tradição islâmica, os corpos são lavados, envolvidos em mortálhas brancas e depois enterrados. O rosto do morto &,eacute; direcionado para Meca.
A morte é um dos temas centrais do Judaísmo. Os que já foram são lembrados nas datas de aniversário de morte e também no Yom Kipur, um dos dias mais importantes da religião e quando a família faz uma boa ação em nome do ente querido.
O rabino Pablo Berman, da Comunidade Israelita do Paraná, explica que o corpo passa por um ritual de pureza e depois ninguém mais o vê. De acordo com ele, os judeus acreditam que a alma volta várias vezes à Terra até atingir a perfeição.