Biólogo examina peixes que morreram
no Parque Barigüi.

O estudo de fígados e brânquias deve indicar o que provocou a morte de cerca de 900 peixes no lago do Parque Barigüi, em Curitiba, no último final de semana. Os peixes começaram a aparecer mortos no sábado. Uma equipe do Museu de História Natural fez a coleta dos materiais para análise e a expectativa é de que o resultado fique pronto na próxima semana.

“Estamos monitorando a situação e aguardando o resultado da análise dos peixes e também da água do lago”, explicou o secretário municipal do Meio Ambiente, Ibson Campos. Segundo ele, visualmente não há nada de errado com o lago e os peixes. Não foram encontrados parasitas ou sinais de hemorragias.

Foram recolhidas várias espécies de peixes mortos, principalmente carpas, bagres e carás, em diversos tamanhos. O estado dos que foram encontrados ontem indica que eles já deviam estar mortos há mais tempo. Todos estão sendo levados para o aterro sanitário da Caximba.

Segundo o biólogo e ictiólogo Vinicius Abilhoa, do Museu de História Natural, três fatores podem levar à morte de diversos peixes ao mesmo tempo: floração de algas – algumas espécies possuem toxinas, poluição por agente químico ou poluição natural -quando há muito peixe e muita bactéria juntos e o oxigênio da água não é suficiente para todos. Os dois primeiros fatores estão descartados no caso do Barigüi e o mais provável é que os peixes tenham morrido por asfixia. Só o estudo poderá confirmar isso. Mas Abilhoa explicou que há muita matéria orgânica no fundo do lago e as bactérias necessitam de muito oxigênio. Quando esquenta, a lâmina de água fica baixa e o oxigênio diminui. A situação ficou pior com o resultado de uma inversão térmica ocorrida de sexta-feira para sábado da semana passada. Como uma frente fria faz com que a água circule no lago, a parte menos oxigenada do fundo mistura-se com a que possui mais oxigênio. Com isso, os peixes que precisam de mais oxigênio acabam morrendo.

Projeto

Como não é a primeira vez que peixes aparecem mortos no Barigüi, Grupo de Pesquisas em Ictiofauna (GPIc), criado há um ano e formado por funcionários do Museu de História Natural e acadêmicos, elaborou uma proposta para monitoramento e manejo da fauna de peixes em dois lagos de Curitiba, o Barigüi e o São Lourenço.

O projeto foi enviado para o Fundo Municipal do Meio Ambiente e aprovado em março. A partir de então, foram feitos testes com marcadores de carpas. Foram experimentados dois materiais: tinta ou uma etiqueta plástica numerada que é presa na região dorsal. A segunda opção foi escolhida.

Quatro carpas marcadas ficaram três meses no Museu e há um mês voltaram para o lago. “O objetivo é marcar as carpas e fazer estudos sobre quantas existem no lago, o que comem e como vivem”, disse Abilhoa. Segundo ele, com um histórico em mãos fica mais fácil detectar a causa das mortes. O GPIc também está participando do estudo de partes dos peixes que morreram no final de semana.

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