Anfrísio Siqueira foi o fundador da Boca Maldita.

A Boca Maldita, tradicional reduto de discussões políticas, esportivas e sociais está em luto. Morreu ontem, aos 82 anos, Anfrísio Siqueira, fundador e presidente da entidade. Siqueira era cardíaco e estava internado no Hospital Nossa Senhora das Graças há cerca de dez dias. Morreu por volta das 14h, por falência múltipla dos órgãos. O corpo está sendo velado no Salão Vip do Clube Atlético Paranaense (acesso pela Rua Petit Carneiro) e, às 17h, será cremado no Crematório Vaticano, em Campina Grande do Sul.

Apesar de ter feito de tudo um pouco nesta vida, vangloriava-se mesmo é de ter fundado a Boca Maldita. “Minha família e a Boca Maldita são as coisas mais importantes da minha vida”, costumava dizer, resumindo assim seus dois grandes amores. Mas, em seu coração ainda tinha lugar para outra paixão: o Clube Atlético Paranaense, onde era membro do Conselho Deliberativo desde 1950. De acordo com um dos filhos, o economista Yuri Siqueira, Anfrísio estava trabalhando ativamente para a realização do jantar que comemora a fundação da Boca Maldita e que acontece sempre no dia 13 de dezembro. “Mesmo com a perda, o jantar vai acontecer”, garantiu Yuri. Sobre a sucessão do pai frente à Boca, o economista informou que o assunto ainda não foi discutido. “Talvez ele seja eleito presidente eterno”, falou apenas. A sociedade conta atualmente com cerca de 2,5 mil cavalheiros locais, nacionais e internacionais.

História da Boca

Tudo começou no final da década de 50, quando alguns moços freqüentavam o local para jogar conversa fora. Anfrísio Siqueira jamais pensaria que aquelas reuniões com os amigos, em plena Praça Osório, um dia seriam consideradas as melhores que a cidade já teve. O que era inicialmente apenas uma “confraria” passou mais tarde a ser uma sociedade civil, hoje copiada em todo Brasil.

O reduto, machista por natureza, não recebe mulheres desde aquele tempo. O nome, Boca Maldita, foi dado pelo jornalista Adherbal Fortes de Sá, e traduz a típica expressão “se morder a língua, morre envenenado.” Entretanto, como diz o estatuto da entidade, esta instituição de utilidade pública nasceu da espontaneidade do curitibano, e nunca se melindrou diante de qualquer prática governamental.

Lapa

Anfrisio Siqueira nasceu na Lapa no dia 27 de outubro de 1920 e veio para Curitiba com 6 anos. Era bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Contábeis e ocupou os mais variados cargos no governo estadual: foi prefeito de duas cidades – São João do Triunfo e Cornélio Procópio -, além de delegado de polícia durante dez anos, fiscal de rendas estadual, diretor do Tribunal de Contas, diretor do Departamento de Arrecadação no Paraná, entre outros cargos.

Anfrísio Siqueira deixa viúva Julia Maria Kruchowski de Siqueira, 72, quatro filhos -Anfrísio Júnior, 60, Vera, 55, Yuri, 42 e Igor, 32, além de cinco netos e dois bisnetos.

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