Morre o capelão do Palácio Iguaçu

O padre Gustavo Henrique Pereira Filho, capelão do Palácio Iguaçu, morreu na quarta-feira por volta das 23h, no Hospital do Cajuru, em Curitiba, vítima de insuficiência respiratória. Seu corpo foi velado na Igreja do Rosário, na Praça Garibaldi, e o sepultamento ocorreu na tarde de ontem, no Cemitério Parque Iguaçu. Conhecido como o "padre dos três poderes", padre Gustavo tinha 95 anos e estava há 35 anos em Curitiba, onde sua participação junto aos universitários durante o regime militar foi marcante e decisiva. Ele sempre lutou pela democracia. "Só que suas armas foram o amor, o conhecimento, a tolerância e a fraternidade", disse o vice-governador Orlando Pessuti, que considerava o padre Gustavo seu orientador religioso e político.

Nascido em Santa Maria (RS) e filho de portugueses, padre Gustavo era o único homem numa família de cinco filhos. Mesmo revelando uma forte vocação para o sacerdócio desde a infância, foi forçado pelo pai a cursar Medicina, profissão que abandonaria após a morte dele. Foi quando sentiu livre para seguir o caminho de sua vocação.

Depois de concluir o seminário no Rio Grande do Sul, ele chegou em Curitiba no início da década de 60 para atuar junto aos estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde os liderou em muitas manifestações por direitos políticos. Sempre teve muito carinho com os jovens e usou de sua experiência e conhecimento humano para orientá-los. Padre Gustavo se destacou na "Greve do Terço", ocorrida em plena ditadura militar, quando os estudantes exigiam maior participação no Conselho Universitário. O movimento resultou no enquadramento de 35 manifestantes na Lei de Segurança Nacional. Ele saiu em defesa dos estudantes e acabou conhecido pelos políticos da época, entre os quais o ex-governador José Richa. Padre Gustavo celebrou o casamento do ex-governador e batizou os seus filhos. Mais tarde, celebrou o casamento de Beto Richa, atual prefeito de Curitiba. Foi o próprio José Richa que o tornou capelão do Palácio Iguaçu há cerca de 30 anos.

Padre Gustavo acumulava a função de capelão do Palácio Iguaçu, da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Justiça. (AEN)

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