O empresário Cecílio do Rego Almeida, sócio-proprietário do grupo CR Almeida, morreu ontem em Curitiba, aos 78 anos, depois de um enfarte. Com uma trajetória da pobreza ao sucesso, Almeida era uma das figuras empresariais mais importantes do País. Nascido em Óbidos, no Pará, Almeida foi vendedor de laranjas e mensageiro do correio. Ele já esteve na lista das pessoas mais ricas do mundo elaborada pela revista norte-americana Forbes, em 1992, com um patrimônio estimado na época em US$ 1,3 bilhão. O enterro acontece hoje, às 17h, no Cemitério Parque Iguaçu.
Almeida liderava um dos grupos mais importantes do Brasil, a CR Almeida, que reúne empresas como a empreiteira de mesmo nome, a EcoRodovias (concessionária que administra 937 quilômetros de rodovias) e a indústria química Britanite, que atua na área de explosivos. A CR Almeida foi a responsável pela construção de obras conhecidas nacionalmente, como o Estádio do Maracanã e a duplicação da Rodovia dos Imigrantes, esta considerada uma das maiores obras rodoviárias da América Latina neste século. A empresa também construiu a Ferrovia Central do Paraná e a rodovia que liga Curitiba e Paranaguá.
A empreiteira atua no ramo de desenvolvimento de infra-estrutura, com a construção e outras obras em rodovias, ferrovias, metrôs, aeroportos, portos, barragens e usinas hidrelétricas. A sede fica em Curitiba. No Paraná, a EcoRodovias atua por meio da concessionária Ecovia, que administra o trecho o trecho entre Curitiba e Paranaguá da BR-277, construído pelo grupo.
A família de Almeida vivia em Pernambuco e passou por diversas regiões do País até chegar em Curitiba. Formado em Engenharia, trabalhou em uma empresa da área até ter a oportunidade de formar a Engenharia e Construções CR Almeida Ltda. Ele começou a fazer obras que outras construtoras não queriam. E assim se dedicou ao ramo de infra-estrutura e formou seu império.
O empresário (segundo da direita para a esquerda) em visita a uma de suas diversas obras, em 1974. |
Nessa trajetória, Almeida também enfrentou dificuldades, como o pedido de concordada da construtora em outubro de 1993. A situação foi normalizada três anos depois. Nos últimos anos, Almeida enfrentava problemas em relação a uma propriedade de sete milhões de hectares no Sul do Pará. Ele foi considerado o maior latifundiário e também o maior grileiro do planeta. Em 2007, a Justiça Federal determinou que as terras fossem devolvidas ao Estado. Almeida argumentou que a documentação e a aquisição das terras eram legais.
O empresário também era polêmico. Ganhou notoriedade em 1971 por ter gravado uma conversa com o ex-governador do Paraná, Haroldo Leon Peres. A gravação trazia Leon Peres pedindo dinheiro para liberar pagamentos devidos à CR Almeida.