Quatro famílias moradoras na Vila Fuck, em Piraquara, foram intimadas a deixar suas casas instaladas em área de proteção ambiental permanente. Mesmo localizadas em espaço irregular, as residências, compradas da construtora H & S, foram financiadas pela Caixa Econômica Federal no programa habitacional Minha Casa Minha Vida e têm alvará da prefeitura.
As famílias foram avisadas no final do mês passado que deveriam deixar suas casas e desde então buscam solução para o impasse, enquanto recebem a visita do oficial de Justiça quase semanalmente. “Não vamos sair daqui, estamos pagando e não invadimos nada. Além disso, tem a vergonha que estamos passando”, afirma a empregada doméstica Ana Lucia da Cruz que paga prestação de R$ 510 do financiamento de 25 anos.
Contaminação
De acordo com o promotor de Justiça Marco Aurélio Romagnoli Tavares, antes da efetiva desocupação das casas serão realizados estudos para avaliar o impacto que as residências estão causando no local. Ele afirma que as casas não tem rede de esgoto, apenas fossas que já estariam contaminando o lençol freático que abastece a região de Curitiba. “A prefeitura concedeu o alvará de construção desobedecendo as legislações municipal, estadual e federal. Isto é ilegal”, explica, destacando que se as famílias forem lesadas, devem ser indenizadas.
Tavares estima que pelo menos 12% da região urbana de Piraquara ocupa irregularmente áreas de proteção ambiental. O secretário municipal do Meio Ambiente, Gilmar Zachi Clavisso, afirmou que está verificando com a procuradoria do município o que levou a esta situação. Já o responsável pela construtora que vendeu as residências não atendeu as ligações da reportagem.