Rio tem apenas uma |
Os moradores do Conjunto Guaraqueçaba, no Umbará, em Curitiba, estão cansados de ver suas casas sendo invadidas pela água do Rio Ponta Grossa. As enchentes são mais do que comuns no conjunto habitacional criado pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).
A vazão do rio é prejudicada por uma barreira de terra que sustenta a linha do trem. Para ultrapassar a barreira e seguir seu curso, o rio tem apenas uma manilha de menos de um metro de diâmetro. Quando chove bastante, acontece o refluxo e as casas da região ficam praticamente embaixo d?água. Há três anos, a Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop) e a América Latina Logística (ALL) – concessionária que administra a malha sul ferroviária – tentam entrar num acordo para construir um ármico, obra de engenharia que daria maior vazão ao rio e resolveria o problema.
Segundo o presidente da Associação Comunitária das Moradias Guaraqueçaba, Antônio da Silva Ramos, a cada ano a população do bairro sofre com no mínimo duas enchentes. "Isso tudo aqui vira num marzão", contou, apontando para as ruas do conjunto. Ele disse que conversou com o prefeito Beto Richa (PSDB), que prometeu que se a ALL não fizer a obra em parceria com o município, a Prefeitura fará. "Estamos esperando", cobrou, lembrando que a água já chegou a ficar com mais de dois metros de altura.
Maria do Socorro, manicure de 38 anos, mora há dez anos no conjunto. "Na última vez fiquei só com a roupa do corpo", lembrou, destacando que o local não é área de invasão. "Nós pagamos. É um conjunto da Cohab", falou, destacando que os moradores da região já não compram mais móveis e eletrodomésticos, temendo que as enchentes os levem. "Fiquei dez anos na fila da Cohab e dois anos depois que cheguei aqui já peguei a primeira enchente", disse o pedreiro José Lúcio.
A vereadora Julieta Reis (PFL) é uma das pessoas que tenta solucionar o problema. "Já faz três anos que estamos nos reunindo e a ALL dando desculpas. A Smop já chegou até a fazer o projeto, que custaria R$ 60 mil e seria dividido metade para cada um, mas a ALL quer que seja feito um projeto de R$ 200 mil que não resolveria em definitivo o problema", afirmou. Conforme a vereadora, na última visita ao local, o secretário municipal de Obras Públicas, Nelson Leal, se comprometeu a fazer a obra. "Se a ALL não quiser fazer, a Prefeitura vai fazer e cobrar judicialmente da empresa??, afirmou.
ALL
A ALL emitiu nota explicando que "as inundações ocorridas com o excesso de chuva na região do Umbará não estão ligadas à ferrovia e sim ao aumento da ocupação urbana na região, problema comum nas grandes cidades. Pelo contrato de concessão, não cabe às ferrovias e sim ao governo executar obras de infra-estrutura em áreas próximas à malha. Entretanto, para contribuir com a melhoria do local e bem-estar da comunidade, a ALL irá analisar o projeto apresentado pela Prefeitura para ver de que forma será possível participar das ações de melhoria no local".