Seu Jorge mora na Rua Diógenes do Brasil Lobato, via que segue paralela ao rio por cerca de um quilômetro. “Quando comprei este terreno, o antigo proprietário falou que iriam canalizar no ano seguinte. Até hoje estou esperando. Mas ele não tem culpa. Foi iludido, assim como eu”, lamenta o morador, que tem que trabalhar constantemente para evitar que parte de sua propriedade seja engolida pela água.
Gerson Klaina |
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Luiz Henrique: como vou investir, se na próxima chuva tudo pode desabar? |
“A gente tem que estar constantemente arrumando o acesso. Já comprei até uma carreta para carregar entulho para escorar o barranco. Aqui não é invasão. Comprei o terreno, tenho todos os documentos, pago o IPTU… Já cansei de ouvir promessas e de pedir para a prefeitura uma atitude para resolver essa situação, que é de emergência”, ressalta Jorge.
A luta de seu Jorge é a mesma de centenas de outros vizinhos, que vivem nas margens do Bacacheri-Mirim. No Tingui, o assunto é considerado tão sério que motivou a reabertura da associação de moradores, em 2011. “A prefeitura sempre dá uma desculpa diferente para não executar a obra”, diz Alex Sandro Ribeiro de Pontes, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Tingui (Amat).
Gerson Klaina |
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Jorge, morador da região há 18 anos: até hoje estou esperando. |
Segundo Alex, a administração municipal alega falta de licença ambiental para a canalização. “Dizem que é um procedimento que não se realiza mais. Mas no final do ano passado, fizeram a canalização de um trecho de uns 300 metros. Se ali não houve esse problema, por que não podem fazer os 600 metros que faltam e completar o serviço?”, questiona.
A poucos metros dali, na Rua José Gildo Beleski, as enchentes também preocupam os moradores. Depois de ter sua casa invadida pela água, em março de 2011, o técnico em telecomunicações Rudimar Thomazi decidiu agir por conta própria. “Fiz um dique e instalei uma válvula de retenção. Aqui temos que fazer tudo por conta. Até o roçado do mato sou eu que faço. Se não, vira uma selva de jacarés”, afirma.
Gerson Klaina |
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Rudimar: fazemostudo por conta. |
Risco constante
Proprietário de um pet shop na Rua Edmundo Alberto Mercer, o empresário Luiz Henrique Chaves Martins diz que já participou de várias audiências públicas e está sempre em contato com a prefeitura solicitando providências. “Desde que estou aqui, há oito anos, tenho ido direto, mas sempre escuto uma evasiva. Enquanto isso, está tudo caindo”, reclama. Luiz diz que a situaç,;ão impede o desenvolvimento do bairro. “Eu quero expandir o negócio, aumentar a loja, abrir uma clínica… Mas como vou investir, se na próxima chuva tudo pode desabar?”, indaga.
O Bacacheri-Mirim é um dos afluentes do Rio Bacacheri, que compõe uma das principais bacias hidrográficas da cidade. O Paraná Online perguntou à Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop) se existe projeto de canalização do rio ou de alguma obra para evitar enchentes na região, mas não obteve resposta até o início da noite de ontem.
Gerson Klaina |
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Alex: sempre uma desculpa diferente. |