Moradores da Vila Santa Rita, no bairro Tatuquara, em Curitiba, estão com medo de ser despejados. Eles contam que fizeram uma reclamação no Ministério Público Estadual contra a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) alegando que os terrenos não têm o mínimo de infra-estrutura para viver. Por terem sido obrigados a realizar obras para melhorar as condições do terreno, agora eles querem indenizações. Entretanto, a Cohab informou que esses moradores estão inadimplentes, e por essa razão estariam sendo cobrados.
A professora Maria do Rosário, que mora na Rua Jesus Francisco da Rocha, contou que o terreno dela é infestado de bichos e que quando chove a água ?vai parar no joelho?. Maria relatou também que parou de pagar as parcelas para a Cohab porque quer receber pelos gastos que teve. ?A gente não tem dignidade de morar desse jeito. Quero uma negociação?, disse. A irmã dela, Ana Maria dos Santos, está na mesma situação. ?Eles disseram que se a gente não sair até quarta-feira, eles vêm com a polícia?, contou. Ana Maria também está inadimplente, porém ela disse que quer pagar tudo que deve em prestações, e não como a Prefeitura exige, que seria com uma entrada de R$ 5 mil. ?Eles querem que a gente saia, mas não deram um lugar pra gente ficar. Onde eu vou arrumar R$ 5 mil??, reclamou.
Alguns moradores reclamam dos alagamentos na região. A babá Terezinha Cerqueira disse que já nem sai mais de casa com medo de voltar e ver todos os seus móveis debaixo d?água. Ela já pagou todas as parcelas do terreno para a Cohab. ?Nós queremos que a Prefeitura arrume as manilhas da rua. A gente paga tudo com tanto sacrifício pra ficar nessa situação?, indignou-se. O comerciante Luiz Fernandes da Silva até construiu uma barreira de cimento no portão para que a água não invada mais sua casa. ?E eu ainda estou pagando para a Cohab?, reclamou.
A Cohab informou que Maria do Rosário e Ana Maria dos Santos nunca pagaram nenhuma parcela do contrato com a Cohab (desde 1997) e, por isso, estariam sendo cobradas. Com relação à ação na Justiça, o órgão informou que não tem conhecimento. Segundo Maria, a reclamação foi feita no Ministério Público Estadual. Já no que diz respeito às casas que alagam em dias de chuva, a Cohab informou que já foram feitas tubulações e bocas-de-lobo na região e que são os próprios moradores que tapam as valas de água pluvial.