A proximidade da moderna central de captação e tratamento da Sanepar não significa fartura de água para quem mora no bairro Del Rey, em São José dos Pinhais. Em vez de abundância, ficam constantemente com as torneiras secas. A água retirada do Rio Miringuava passa pelo bairro, mas não chega à população local. Suas casas são abastecidas por um poço artesiano, aberto e administrado pela associação de moradores.
Construído há cerca de 10 anos, o poço já não dá conta do crescimento do bairro, onde hoje vivem mais de 2 mil pessoas. Mesmo assim, as casas seguem sem ligação com a rede da Sanepar. Para amenizar o problema da falta de água, aguardam a abertura de novo poço, que já está escavado e deve começar a funcionar em cerca de 30 dias.
Por conta própria
O empresário Waldomiro Moreira, ex-presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Núcleo Residencial Del Rey, diz que a construção do poço foi a única alternativa para que a população tivesse acesso à água. “Há 10 anos, a Sanepar pediu R$ 100 mil para instalar a rede apenas na Rua Alzira Berton Pauletto. Teríamos que gastar mais do que o valor do próprio terreno”, conta. Para ter água em casa, Moreira e seus vizinhos tiveram que se mobilizar por conta própria. “Criei um projeto, com ajuda da Sanepar, e apresentei ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná), Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba) e à prefeitura. Foi aprovado na hora. Mas tive que fazer tudo por conta. Gastei R$ 19 mil do meu bolso”, afirma.
Cobrança de mensalidade
Para bancar a obra, a associação passou a cobrar mensalidade dos moradores locais. “Mas dos 164 proprietários que aderiram ao projeto, só 32 terminaram de pagar. Mas, depois que estava pronto, todos queriam. Demorei um ano e meio pra recuperar meu dinheiro”, diz Waldomiro Moreira.
Além de não garantir a água da população local, a Sanepar é alvo de grave denúncia. Moradores dizem que os dejetos despejados pela estação de tratamento estão destruindo um dos afluentes do Rio Miringuava, no final da Avenida Baptisin Pauletto. Eles dizem que era possível pescar e tomar banho no local, mas hoje se transformou no mar de lodo, com a morte dos peixes.