Moradores da Ilha do Mel estão perdendo os dentes

A condição da saúde bucal dos moradores da Ilha do Mel, em Paranaguá, é muito preocupante. Dos 450 moradores do povoado de Nova Brasília (ao todo, a ilha tem mil moradores) muitos tem problemas em seus dentes. Entre os menores de 17 anos, 80% dos moradores têm cáries ? metade desse contingente, em estado severo de infecções. Na faixa etária entre 18 e 70 anos, em média 30% dos dentes são ausentes.

Dos dentes existentes, 53% estão cariados, sendo 25% desses em estado impossível de ser salvo, restando apenas a extração como solução. Esses dados fazem parte de uma pesquisa que foi realizada na comunidade pelo grupo Bombinhas Ação Laços e Braços (Balb), Ong responsável pelo Projeto Melzinho na Chupeta.

Os responsáveis pelo projeto são o casal de dentistas Carlos Justo e Karin Ermel. Vivendo na ilha desde o ano passado e se dedicando integralmente ao trabalho, eles coletaram dados sobre toda a saúde bucal de metade da ilha. A pesquisa aconteceu acompanhada por um trabalho de tratamento dos problemas. Gratuitamente o casal já realizou inúmeros procedimentos como tratamentos de canal, prótese dental, aparelhos ortodônticos, procedimentos contra periodontismo, entre outros. O trabalho do casal até então foi recompensado apenas pela ajuda da comunidade, que fornecia alimentos e produtos de necessidade básica. O Conselho Regional de Odontologia (CRO) do Paraná incentiva o projeto com a doação de material. A iniciativa privada também já participou, a empresa Ultra fez uma doação de mil escovas de dentes ao projeto.

Falta de recursos

No início desse ano, após concluída a pesquisa, os dentistas resolveram apresentar o projeto à Prefeitura da Paranaguá. A intenção era firmar uma parceria que viabilizaria a segunda parte do Melzinho na Chupeta, que é solucionar todos os problemas bucais dos nativos da ilha. Para isso, seriam gastos 18 meses a um custo de R$ 3 mil mensais. “A Secretaria da Saúde de Paranaguá se comprometeu a liberar o dinheiro e fazer a parceria. Todavia, ela vem demorando muito para assinar o acordo. Na última semana, por falta de recurso, resolvemos que teríamos que abandonar o projeto. Os moradores não concordaram e se comprometeram a fazer uma vaquinha para que o projeto continue”, contou Carlos Justo, queixando-se da falta de interesse do município em continuar com o projeto. “A situação bucal dos moradores da ilha é caótica. Protege-se muitos animais em extinção, pois deveriam ajudar a proteger os “dentes em extinção? dos moradores. Para se ter uma idéia, a totalidade da população acima de 60 anos é desdentada”, contou o dentista. Ele explicou que depois de realizado o trabalho em toda a população, restaria apenas a manutenção, cujo custo é bem mais baixo.

Justo afirmou que através do Fundo de Infância e Adolescência (FIA) é possível fazer doações para o projeto e abatê-las por completo do imposto de renda. Os interessados podem entrar em contato com ele pelos telefones (41)426-808 e (41) 420-2806.

 

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