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Grupo que mora em São José |
Quem voltava do litoral do Paraná pela BR-277, na tarde de ontem, foi surpreendido por um protesto na praça de pedágio da empresa Ecovia Caminho do Mar. Cerca de cinqüenta pessoas que moram às margens da rodovia, entre os quilômetros 49 e 60, no município de São José dos Pinhais, reivindicavam a isenção do pagamento do pedágio. Os moradores se dizem prejudicados com a situação, pois precisam pagar a taxa toda vez que vão a Curitiba.
Os manifestantes chegaram até a praça da Ecovia em carreata. No local, eles estenderam faixas e entregaram panfletos aos motoristas. O trânsito ficou lento por cerca de meia hora, e os funcionários da Ecovia incentivavam os motoristas a buzinar para pressionar a passagem, enquanto fotografavam a manifestação.
De acordo com a dona-de-casa Marinês Borba Gonçalves, há seis anos os moradores negociam com a empresa a isenção do pedágio para quem mora às margens da rodovia e na localidade do Alto da Serra. Segundo ela, a empresa pediu um levantamento de quantas famílias moravam nessas regiões antes da construção. Eles constataram que 108 pessoas teriam direito a isenção. "Nós ficamos isolados depois do pedágio, pois cada vez que precisamos ir à cidade pagamos mais caro", falou, acrescentando que "até a entrega de gás ou medicamentos vem acrescida com o valor do pedágio".
O bancário Jair Bettez diz que gasta todos os meses R$ 300 só com o pedágio. Ele mora em uma propriedade à beira da estrada e trabalha em um banco no bairro Pinheirinho, em Curitiba. Bettez estima que das 108 pessoas que moram do outro lado do pedágio, cerca de 50 passam diariamente pela praça. "Acho que para a empresa, não seria um custo muito alto isentar essas pessoas", falou.
A terapeuta Keiko Ueno também reclama da situação, e calcula que o prejuízo mensal com o pedágio é de R$ 500. "Além dos atendimentos, faço faculdade e chego a passar seis vezes em apenas um dia pelo pedágio", afirmou.
Sem acordo
A concessionária Ecovia Caminho do Mar informou, através da assessoria de imprensa, que recebeu recentemente um grupo de moradores para discutir o assunto. Depois de um levantamento detalhado do pedido, constataram que a maioria dos solicitantes não reside no local e apenas utilizava as casas para veraneio. Além disso, tinham mais de um veículo por família. Por isso, a empresa indeferiu a solicitação, argumentando ainda que "o próprio contrato de concessão não permite benefício de isenção de tarifa de pedágio, a não ser para veículos oficiais e de emergência".