Moradores contam as horas para fim do Caximba

Os moradores do Caximba, em Curitiba, estão contando as horas para que o lixo de toda a cidade e de municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) não seja mais depositado no aterro sanitário que fica no bairro. A partir das 8h desta segunda-feira, os resíduos serão enviados para dois aterros particulares, até que a licitação do Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos seja resolvida na Justiça.

Apesar do prazo estar chegando perto, muitos moradores só vão acreditar quando virem o fechamento dos portões do aterro sanitário amanhã. “Agora já dá para acreditar que esse sofrimento vai terminar. Mas a gente ainda fica meio assim. Só acredita vendo”, comenta a moradora Marilda Terezinha Ansai. Quem mora na Caximba está farto do mau cheiro vindo do aterro, das moscas, dos urubus, dos ratos e do barulho dos caminhões que descarregam no local à noite. “Todo mundo também fala dos problemas de saúde dos moradores, principalmente respiratórios e de pele. Muitas mulheres também tiveram um histórico de abortos. São muitos casos aqui”, explica Marilda.

Haverá uma programação especial para a “despedida” do aterro. Amanhã, a mobilização na frente do local começa às 6h. Os moradores vão conferir de perto o fechamento do aterro às 8h. Também está marcada uma missa em Ação de Graças pelo encerramento do aterro em frente à Capela São João Batista, às 9h. Os moradores organizaram ainda uma carreata para dar adeus ao aterro, a partir das 10h30.

A moradora Rosely Raksa ainda lembra que a população do bairro ainda terá de conviver por um bom tempo com o gás gerado na decomposição do lixo. Ela ressalta que a mobilização dos moradores foi essencial para que a vida útil do aterro não fosse prolongada novamente. Eles colocaram o assunto em evidência e, depois de muita luta, começam a sonhar com dias sem o mau cheiro. “Nós só tivemos prejuízos com a instalação do aterro aqui, sem qualquer benefício. Minha preocupação é que, se já não cuidavam quando o aterro funcionava aqui, imagina então como será depois”, avalia.

Com a desativação do aterro sanitário, a comunidade a partir de agora vai pedir compensações pela presença do aterro sanitário no bairro. “Ficamos 21 anos com o aterro. Agora temos que ver como a situação vai se ajeitar. Temos até hoje problemas de esgoto. Não tem asfalto decente. Existe uma promessa desde 1989 da construção de um centro esportivo. Falou-se na criação de um parque aqui. A gente não precisa de parque. Precisamos de infraestrutura”, afirma Jadir da Silva, presidente da Aliança para o Desenvolvimento Comunitário da Caximba.

Ele conta que será solicitada a realização de uma audiência pública, na qual a comunidade vai expor as necessidades da região para as autoridades. Além de melhora na estrutura do bairro, Silva acredita que os moradores devem receber pela comercialização de créditos de carbono e do biogás do aterro. Os valores seriam convertidos em benfeitorias para o bairro.

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