Quando o vento forte derrubou a antena da TV de sua casa, a dona de casa Patrícia Angelita Gouveia não deu muita importância. Moradora da região do Xaxim há 33 anos, ela conta que as chuvas não costumam ser preocupação para a população local. Mas por volta das 18h30 de anteontem, um eucalipto, medindo cerca de 20 metros de altura, caiu sobre sua casa.
"Estava no quarto no momento, exatamente o cômodo mais atingido", conta. Assustada, Patrícia ligou para os filhos, que estavam seguros na casa de um vizinho, e depois para o Corpo de Bombeiros (CB). Foi apenas uma das mais de 400 chamadas que o Sistema de Defesa Civil recebeu na última quinta-feira.
Assim como outras 50 ligações, a de Patrícia só pôde ser atendidas ontem. Segundo o tenente Eduardo Gomes Pinheiro, do Corpo de Bombeiros (CB), foram registrados mais de 140 atendimentos apenas na quinta-feira. "A corporação está trabalhando dobrado e talvez só terminaremos os atendimentos no sábado??, afirma. A dimensão do estrago na casa da dona de casa só foi percebida depois que a árvore, originariamente plantada num terreno vizinho, foi cortada: parte do telhado foi destruído, comprometendo o resto da estrutura. O CB afirmou que todo o topo da construção terá que ser refeito.
Desabamentos
O desabamento numa casa no Jardim Holandês, em Piraquara, provocado pela chuva de granizo e os fortes ventos, deixou quatro feridos. Segundo a Defesa Civil, eles foram atendidos e nenhum corre risco de morte. "As regiões mais atingidas foram 17 bairros que ficam nas zonas sul e leste da capital, além de Piraquara, Pinhais, Quatro Barras e Colombo, na Região Metropolitana", conta Pinheiro. Segundo relatório da Defesa Civil Estadual, 35 pessoas ficaram desabrigadas e 10 tiveram ferimentos leves. O relatório afirma que os danos maiores foram quedas de árvores e postes, rompimento de fios de energia elétrica e destelhamentos.
De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, os ventos atingiram velocidades de 54 a 72 km/h. Lisandro Jacobsen, meteorologista do órgão, explica que o motivo da forte chuva com granizo foi uma linha de instabilidade na qual se encontravam vários núcleos de nuvens intensas.
Sem água e luz
De acordo com a Sanepar, moradores de Quatro Barras, Campina Grande do Sul e parte de Pinhais estavam sem abastecimento até ontem, deixando cerca de 15 mil pessoas sem água. As estações de tratamento de esgoto foram as mais prejudicadas e quatro delas continuam paralisadas por falta de energia elétrica. Equipes da Sanepar trabalharam durante todo o dia de ontem em caráter de emergência para normalizar a distribuição.
Outros 137 mil domicílios ficaram sem energia elétrica. De acordo com a Copel, este foi o pior temporal nos últimos 12 meses, em termos de estragos no sistema elétrico. Em levantamento parcial, a empresa contabilizou 25 postes quebrados que precisaram ser substituídos e 10 transformadores queimados pela incidência de raios.