As seis famílias que foram retiradas de uma área no centro de Almirante Tamandaré em razão do aparecimento de buracos no solo, provocados pela exploração de água, ainda aguardam uma solução da Sanepar. Além de não indenizar os moradores, a empresa não repassa há um mês o aluguel das casas onde as famílias foram alojadas. Todas estão sendo ameaças de despejo.
Os primeiros sinais do problema foram rachaduras nas paredes e calçadas das casas. Há cerca de um ano o solo começou a ceder, formando enormes buracos. A região fica no Aqüífero Karst, de onde é captada água para o abastecimento de alguns municípios da Região Metropolitana de Curitiba, às margens do Rio Pacotuba, que desemboca no Rio Barigüi. Os moradores tentaram encher as fendas com pedras, sendo que só em um local foram colocados 96 metros cúbicos de material, mas nada adiantou.
Como a situação estava comprometendo a segurança das pessoas, a Sanepar interditou a área. As cerca de trinta pessoas que moravam nas casas foram para residências locadas pela empresa. Hoje o local está totalmente abandonado, sendo que a rachaduras nas paredes já provocaram o desabamento de diversas estruturas de concreto. A empresa apenas colocou placas de interdição da área.
De acordo com o comerciante Adel Cordeiro Pinto, a promessa era indenizar as famílias e transformar o local em um parque. Segundo ele, a Sanepar fez apenas dois repasses de cheques nos valor dos alugueis, que garantiu a permanência por um ano das famílias em casas alugadas. “Só que há um mês eles não repassam mais o dinheiro e nós estamos sendo ameaçados de despejo se não pagarmos o aluguel”, disse. Segundo ele, a empresa foi procurada, mas não deu resposta.
O aposentado Antônio Vicente Margoleski, que há 26 anos morava no local, diz que não consegue mais dormir pensando na situação. Ele e a mulher vivem de salários mínimo e não teriam condições de pagar o aluguel. Outro problema citado pelo aposentado é o valor da indenização oferecida pela Sanepar, que não cobre nem 30% do valor real do imóvel. “A casa que eu morava eu levei a vida toda trabalhando para construir, e agora eles oferecem um valor que não dá para comprar nem um lote popular”, disse.
Soluções
De acordo com a Sanepar, existem vários fatores que explicam o fenômeno ocorrido em Almirante Tamandaré. Um deles é que o solo no local é formado por rochas calcárias, que tendem a se dissolver com a água. O peso das construções provoca o afundamento. Aliado a isso, estão a presença do rio e a exploração de poços que formam o aqüífero. Problemas semelhante também foram identificados em Colombo e Campo Magro.
Quanto às reclamações feitas pelas famílias, a Sanepar afirmou que vem tentando administrar o problema, que foi herdado da administração anterior. O diretor de investimentos da empresa, Domingos Budel disse que já foram realizadas duas reuniões com os moradores para discutir os valores das negociações. “Esse processo é burocrático porque precisamos seguir normas estabelecidas para empresas públicas”, disse.
O diretor admitiu que os valores ofertados estão abaixo das expectativas dos proprietários, porém seguem avaliações feitas por imobiliárias. “É evidente que não podemos pagar o que eles querem, mas tentaremos chegar no preço mais justo, dentro da realidade do mercado”, falou. Sobre ao atraso no pagamento dos aluguéis, Budel garantiu que a empresa está negociando os contratos de locação e ainda esta semana deverá solucionar o problema. “Ninguém precisará ser despejado”, afirmou.
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