Minha recompensa é ver as crianças brincando e as pessoas se divertindo ali”, diz Luzinete Aparecida Ferreira da Silva, que há 27 anos toma conta da pracinha ao lado da casa dela, no conjunto Oswaldo Cruz II, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
Mesmo trabalhando como balconista e cuidando da própria casa, Luzinete se desdobra e encontra tempo para fazer a poda das árvores e limpar a praça. “Agora que está no horário de verão fica mais fácil”, conta. Ela também luta no poder público por melhorias no espaço. “Já liguei para o 156 e pedi para colocarem lixeiras e banco também”.
Cada árvore que plantou tem uma história. “Tem uma, de uva japonesa, que plantei quando meu marido fez um curso; outra quando meu filho nasceu; e outra, um rapaz que era viciado em drogas me ajudou a plantar”, lembra Luzinete.
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Luzinete plantou todas as árvores da pracinha ao lado de sua casa, há 27 anos. |
Prazeroso
Há algum tempo, ocorreu um crime na pracinha e alguns moradores disseram que as árvores plantadas por Luzinete teriam facilitado. “Meu marido disse para eu parar de cuidar. Fiquei bem triste, porque nunca pedi para ninguém ajudar e nunca pedi nada em troca”, lamenta. Mas, para a alegria de toda a comunidade, ela não desistiu; até porque continua sendo recompensada. “É uma alegria olhar a praça, ver o verde e as crianças penduradas para pegar as amorinhas. Ver o pessoal usando é um grande prazer”, diz.
Mas, mesmo com todo o esforço da moradora, a falta de educação continua deixando a praça suja. “Limpei ontem à tarde e hoje já tem roupas jogadas e lixo”, repara. “Se pudesse, multaria quem joga lixo”. O muro da praça está pichado Ela comprou tintas para que um artista fizesse grafite, para tentar evitar os rabiscos, mas não adiantou.
Modéstia
O apreço que Luzinete tem por plantas e flores está estampado também em sua casa, onde há jardim que chama atenção de quem passa e provoca elogios da vizinhança. “Gosto muito de cuidar do jardim, faz parte das minhas raízes. Meu pai sempre usava qualquer espaço livre para plantar”, conta. “Se cada um fizesse sua parte e cuidasse da frente e do lado de sua casa, melhoraria muito a cidade”, destaca. E ela é modesta com todo o trabalho que tem. “Não fiz nada demais”.