Um ditado popular diz que a vida só é completa quando a pessoa planta uma árvore, tem um filho e escreve um livro. Duas vezes pai, um morador do Conjunto Salgueiros, no Sítio Cercado, pode ser dispensado do livro, porque só as árvores que plantou no bairro dariam para imprimir milhares de obras.

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Quando chegou ao conjunto, há 31 anos, Reivail Rodrigues Kuss, 52, conta que não havia nenhuma árvore em frente à sua casa, onde existe um terreno entre o Ribeirão dos Padilhas e a pista de caminhada. Ele então começou a plantar: ameixeiras, bananeiras, laranjeiras, pitangueiras, ipês, araçás… E não parou mais. Até hoje, foram 600 árvores. “Eu mesmo contei, mas faz algum tempo, então o número deve ser maior”, diz.

Mesmo trabalhando dia e noite, sempre que Reivail encontra tempo cuida das árvores de sua casa e do bosque. “Nos dois ou três dias que tiro de folga na semana uso para isso, é meu hobbie. Minha mulher até fica brava porque diz que fico mais tempo com as árvores do que com a família”, afirma. Ele acompanha o crescimento de todas as mudas que planta, e as protege com espadas-de-são-jorge para evitar que sejam retiradas. “Quando vinham cortar a grama arrancavam as mudas”.

Ivonaldo Alexandre
Reivail sempre encontra tempo pra cuidar das árvores. Assista ao vídeo.

Flores

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A poda das árvores também é feita por Reivail. Com os tocos, fez bancos para as pessoas descansarem. A comunidade aproveita todo o trabalho que Reivail teve. “No verão tiraram oito cachos de banana, pessoal pega limão, maracujá para fazer mousse”, conta. Sempre que pode, também limpa o entorno do rio. “Pego um sacão grande e saio juntando, mas três dias depois volta a ficar sujo”, lamenta. Ele diz que se pudesse, faria ainda mais. “Se me dessem uma roçadeira, eu roçaria toda a minha parte, da esquina a outra”.

A casa de Reivail também é fácil de ser encontrada no conjunto: se distingue das outras pela quantidade de árvores. “Agora comecei a plantar flores também”, conta. A netinha dele, Vitória, de um ano, já pegou o gosto por plantas do avô. “Ela adora mexer na terra. Estou fazendo uns degraus ali na árvore e vou fazer um tablado com corrente para ela poder ficar ali”, revela.

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Jogo duro com porcalhões

Ivonaldo Alexandre
Marcia diz que cuidado com lixo é essencial. Separação é regra em sua casa.

Marcia Maria Kuss Weinhardt fica de olho nas pessoas que vão jogar lixo no entorno do Ribeirão dos Padilhas. Moradora da Rua Vênus há 28 anos, diz que não liga para a reação das pessoas. “Vivo dando corridão no povo. Já peguei a placa dos carros e falo para irem jogar lixo na frente da casa deles”, afirma.

Cuidado com o lixo é essencial para Marcia. Na casa dela, a separação entre reciclável e orgânico é regra. “Não jogo nem um fósforo no lixo normal e sempre deixo as embalagens, tipo caixa de leite, lata de massa de tomate, lavadas, para não juntar mosca, nem ficar com cheiro”, diz. Ela fica atenta para descartar os materiais nos dias certos, conforme o cronograma dos caminhões de lixo normal e de reciclável. “Tem que colocar no dia certo, ou alguns catadores pegam o que querem e jogam o resto na beira do rio; ou os cachorros reviram”.

Assista ao vídeo.