Foto: Ciciro Back |
José Carlos Rodrigues: na iminência de um desastre. continua após a publicidade |
O sistema de monocondução adotado pela América Latina Logística (ALL) está sendo investigado pelo Ministério Público do Trabalho. A decisão foi tomada após denúncia do Sindicato dos Maquinistas Ferroviários do Paraná e Santa Catarina (Sindimafer), que condena a decisão da empresa de manter apenas um maquinista por trem, sem auxiliar.
Sozinho, o maquinista assumiu mais responsabilidade, tendo incorporado muitas das atribuições do auxiliar e do agente de estação. ?Antes, todas as estações tinham o agente de estação, que providenciava a licença para o trem se deslocar e determinava a formação do trem?, lembrou o presidente do Sindimafer, José Carlos Rodrigues. Por sua vez, o auxiliar se encarregava, entre outras atividades, de perceber condições irregulares na pista e possível vazamento de combustível. ?A qualquer momento pode acontecer um desastre por causa dessas condições de trabalho?, alertou Rodrigues.
Para Gláucio Oliveira, da Procuradoria Regional do Trabalho da 9.ª Região, qualquer decisão deve aguardar o laudo técnico, que será elaborado por um técnico da ALL com a participação de representantes do sindicato, até 27 de dezembro. ?Não podemos afirmar que os acidentes sejam decorrentes da monocondução e por isso aguardamos o resultado do laudo?. Se for comprovada a necessidade de um auxiliar, a promotoria entrará com proposta de acordo no MP ou ajuização.
Reconhecimento
Outro problema é que a ALL não reconhece o Sindimafer, apenas outro sindicato da categoria, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias nos Estados do Paraná e Santa Catarina (Sindifer). Em relação à monocondução, a empresa alega que os diversos mecanismos de segurança implantados, como computador de bordo e sistema de controle via satélite justificariam a ausência do auxiliar. ?É como dizer que um piloto de avião não precisa do co-piloto?, rebateu o presidente do Sindimafer.
Para confirmar sua versão, a ALL apresenta números de redução de acidentes: quando assumiu a concessão da ferrovia, em 1997, eram 83 acidentes por milhão de trem-quilômetro, indicador da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Agora, os acidentes foram reduzidos para 12.