Movimentos e organizações sociais contra a violência se reúnem hoje, no mesmo horário, em todo o Brasil, principalmente para manifestarem contra o abrandamento da lei de crimes hediondos, definido no início do ano. Às 14h30, em Curitiba, a mobilização acontecerá no Parque Barigüi, ao lado do salão dos atos. Segundo uma das organizadoras, Elizabeth Metynoski, haverá distribuição da Carta de Porto Alegre, com algumas reivindicações, camisetas com mensagens de alerta e outros informações sobre o movimento e a luta contra a violência.
"Estaremos com camisetas pretas, que trazem a pergunta: Vocês sabem quantos criminosos serão soltos este ano? Quase todos!, falando sobre o movimentos e pelo quê nós lutamos. Vamos, principalmente, informar as pessoas sobre nossa luta contra a lei do crime", explica Elizabeth.
A Carta de Porto Alegre, como afirma Elizabeth, foi fruto de um encontro entre mais de 16 organizações, que se reuniram na cidade para discutir as pautas necessárias ao combate à violência. Segundo ela, quase todas as ONGs formadas sob este tema – no país são cerca de 60 -, são lideradas por pais, filhos e amigos que perderam os entes pela criminalidade consentida. No documento está o principal tema da mobilização de hoje: o pedido de revisão do processo de abrandamento, aprovado pelo STF, em fevereiro deste ano, da lei 8.072, de 1990, sobre os crimes hediondos.
Elizabeth é responsável, em Curitiba, pelo trabalho contra a violência através do Movimento Giórgio Renan por Justiça. Há exatos quatro anos, ela perdeu o filho de dez anos, espancado e assassinado com um tiro de espingarda 16 milímetros por um colega de escola, quatro anos mais velho.
A mãe conta que, hoje, o menor assassino está solto, cumprindo medida socioeducativa, e novamente inserido em outro colégio regular. "No dia 27 de maio de 2002, meu filho foi brincar na casa desse colega e, às 15h45 o bombeiro me liga dizendo que meu filho estava morto. Fiquei muito mal, não conseguia mais trabalhar, só chorava. Meu cabelo caiu e engordei 45 quilos. Porém, até hoje, não tive acesso ao processo na Justiça. Essa situação revolta por que as vítimas não têm direitos e agora os crimes hediondos são tratados como crimes comuns", lamenta.
Como Elizabeth, muitas mães em todo o Brasil, hoje estarão cobrando mais justiça. "O meu filho está morto e não há nada que eu possa fazer para reverter isso. Porém, nós podemos fazer muito para impedir que isso aconteça a mais outras mães", alerta Elizabeth.