MLST prende 2 oficiais e 3 jornalistas em fazenda do Paraná

Um grupo de integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) prendeu, por cerca de 40 minutos, dois oficiais de Justiça e três jornalistas nesta quinta-feira (22) na Fazenda Bom Sucesso, em Cascavel, no oeste do Paraná. Os sem-terra estão acampados em frente à propriedade, às margens da BR-369, mas invadiram a fazenda para realizar plantio. Os oficiais foram comunicá-los sobre o mandado de reintegração de posse e acabaram impedidos de sair. Somente foram liberados quando uma equipe de policiais chegava ao local para realizar o resgate.

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), há 238 famílias acampadas. O instituto negociava a compra da fazenda, mas na segunda-feira os proprietários informaram que não têm mais interesse em vendê-la. O oficial de Justiça Luís Carlos Barros disse que ele e seu colega Sérgio Ramos realizaram a leitura do documento que dá prazo de cinco dias para os sem-terra liberarem a propriedade.

Depois, decidiram fazer a vistoria na área de plantio. "Quando fomos sair, o portão estava fechado e eles disseram que não deixariam ninguém sair, pois eles mandavam naquele local", relatou Barros. Com os oficiais estavam o repórter da Rádio CBN em Cascavel Jonas Sotter, a repórter da emissora de televisão local CATVE Iane Santos Cruz e o cinegrafista da mesma emissora Alessandro Rocha. Sotter conseguiu repassar para a redação o que estava acontecendo, por meio do telefone celular, enquanto os oficiais entraram em contato com a juíza da 2ª Vara Civil, Sandra Bittencourt, e com a Polícia Militar.

O caso

Segundo Barros, quando os sem-terra perceberam que a polícia chegava, abriram o portão e deixaram que eles saíssem, como se nada tivesse acontecido. Sotter disse que, durante os cerca de 40 minutos em que ficaram retidos, ouviram muitas palavras de ordem contra a imprensa, acusada pelo MLST de marginalizá-los. Os oficiais de Justiça fizeram um relato por escrito para a juíza.

Em entrevista à Rádio Colméia, de Cascavel, um dos coordenadores do MLST na região oeste, Joaquim Ribeiro, afirmou que tudo não passou de um "mal-entendido". Segundo ele, os sem-terra não foram avisados previamente de que os oficiais iriam até o acampamento, além de eles não estarem acompanhados por policiais militares. "Chegam aqui de repente, ninguém sabe o que está acontecendo, vai que acontece outra tragédia como a da Syngenta" disse.

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