Com o tema “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”, a Campanha da Fraternidade (CF-2012) foi aberta, nesta quarta-feira (22), com uma missa presidida por Dom Moacyr Vitti, na Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz.
Centenas de católicos acompanharam a celebração da Quarta-feira de Cinzas que marca também o início da Quaresma que, para os católicos, representa um período de reflexão e preparação para a Páscoa.
Dom Moacyr explica que a Igreja começa a campanha preocupada com a saúde da população, no entanto, mais preocupada ainda em fazer com que as pessoas que necessitam de um atendimento de qualidade saibam onde encontrar.
“O momento é de sensibilizar autoridades e governantes para que olhem com atenção para a saúde, além disso, conscientizar a comunidade a assumir a responsabilidade, que é de todos, de proteger a vida”, informa.
Para o assessor da arquidiocese da Pastoral da Saúde, padre Fábio Eduardo Pinto, a campanha é uma oportunidade para orientar as pessoas na busca por atendimento adequado de saúde.
Para que isso seja possível, a ideia é fortalecer o trabalho das pastorais e implantar novas unidades em locais que ainda não contam com o serviço, “estamos trabalhando na formação de profissionais para atuarem nas pastorais”, diz.
Assim, as equipes trabalham em parcerias com profissionais da área da saúde orientando a comunidade, explicando como devem proceder em casos de doenças, além de orientar em relação à prevenção.
A CF-2012 tem como objetivos incentivar a prática de hábitos saudáveis; atentar para o cuidado com doentes e familiares; e disseminar as políticas públicas possibilitando que as pessoas conheçam como o Sistema Único de Saúde funciona.
De acordo com o coordenador da CF, Odaril José da Rosa, a ideia é compartilhar esses conceitos nas paróquias, “queremos que a comunidade discuta o que pode e deve ser melhorado, por isso, a principal orientação é a participação, principalmente, nos conselhos municipais”, diz.
Direitos e deveres – A teóloga e assessora em assuntos de bioética e humanização da Pastoral de Saúde da arquidiocese, Geni Maria Hoss, explica que o tema escolhido para a campanha não é por acaso, uma vez que o intuito é conscientizar a sociedade para que busque seus direitos, conheça quais os serviços disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e onde encontrá-los.
“Além dos direitos é preciso que cada cidadão cumpra seus deveres, sendo o principal, a participação nas discussões, o interesse em saber usar o sistema”.
Segundo ela, o trabalho desenvolvido durante a campanha é de sensibilização da comunidade para questões relacionadas à prevenção de doenças, medicação, qualidade da água, alimentação, entre outros, focando em tudo que esteja ligado à saúde.
Para isso, a teóloga afirma que uma lacuna precisa ser preenchida na relação que cada um tem com seu poder de cidadania, “a comunidade tem de entender que ela é a voz, por isso, tem de fazer sua parte”, orienta.
Reflexão – Com o início da Quaresma os católicos se voltam para a reflexão, por isso, durante quarenta dias os fiéis são convidados a um período de penitência e meditação, por meio da prática do jejum e da oração.
Essas práticas têm como o intuito preparar o espírito para receber Jesus ressuscitado no domingo de Páscoa. Para o estudante Alan Beninca, a Quaresma significa uma oportunidade para a realização de um balanço de vida, “na verdade, o período, para mim, representa uma trégua no ritmo levado até então, me privo de muitas coisas e me volto para Deus”, conta.
Ele diz ainda que, nesse tempo, busca uma mudança de vida, por isso, a, reflexão é tão necessária. Completando o período de privações, há também a abstinência de carne vermelha que o estudante diz ser uma tradição familiar, “em casa todos seguem essa orientação e não comemos carne, principalmente na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa”, revela.
Da mesma forma acontece na casa de Marival Tavares, que compõem a equipe de canto da arquidiocese. “Temos comprometimento já que a Quaresma é um tempo dedicado a penitências, assim, toda a família respeita a tradição e não comemos carne vermelha, para nós isso é muito importante”, diz.
Tema – A escolha do tema da Campanha da Fraternidade é de responsabilidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que coordena a campanha realizada anualmente pela Igreja Católica no Brasil.
Muitas vezes, o momento vivido pela sociedade determina o tema a ser trabalhado pela campanha, assim, assuntos ligados à realidade que precisa ser transformada são selecionados.
A coordenadora arquidiocesana, Ireonilda De Conto, explica que essa escolha acontece com bastante antecedência e que é comum a própria populaçao sugerir alguns temas, como aconteceu com a campanha deste ano.
“Saúde foi a sugestão enviada à CNBB há cerca de três anos por meio de um abaixo-assinado contendo milhares de assinaturas, e o Paraná foi o estado que conseguiu reunir o maior número delas”, informa.