O Líbano, dez meses após o encerramento da guerra deflagrada por Israel, ainda tenta se reconstruir. O confronto foi um dos mais danosos dos últimos tempos, no qual foi destruída uma importante parte da infra-estrutura local, além do grande número de vítimas. No entanto, a demora da recuperação está ligada a uma crise política interna. A revelação é do ministro do Trabalho do Líbano, Trad Hamadeh, que esteve ontem em Curitiba, participando das celebrações do Dia Nacional da Resistência e Libertação do Sul do Líbano, na sede da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná.
Ele conta que o governo atual do Líbano recolheu todo o dinheiro vindo de doações de diversos países, motivadas exclusivamente pela reconstrução após o conflito, e o colocou nos cofres públicos e em contas privadas. Apenas 10% dos recursos foram empregados, até agora, para a reestruturação. ?A opinião das pessoas que atualmente controlam o Líbano é de que a reconstrução seria possível após 10 anos. Nós consideramos que é possível fazer em nove meses. Não se pode manter as pessoas desabrigadas, sem empregos, comerciantes sem condições. Esta é a verdadeira crise política. O governo tenta demonstrar a questão de outra forma?, afirma Hamadeh. De acordo com ele, existe uma preocupação sobre a realização de um novo ataque, o que gera a adoção de precauções para proteger o país.
A atual administração do Líbano vem sofrendo uma grande oposição, com apoio popular massivo. Hamadeh explica que o governo libanês rejeita a participação da oposição. Entretanto, o que o povo quer é a formação de um governo de unidade nacional. Outra crítica é a aproximação política com os Estados Unidos. Por causa disso, o ministro pediu formalmente a sua renúncia, que não foi aceita. Constitucionalmente, Hamadeh permanece como ministro do Trabalho, mas ele está totalmente afastado dentro do âmbito político.
?Os Estados Unidos querem atrair todos os problemas em um único lugar e isto está acontecendo com o Líbano, assim como no Iraque. Os Estados Unidos sempre encontraram aqueles que cooperassem com as suas idéias. E, hoje, os que comandam o Líbano politicamente estão cooperando com os Estados Unidos. Nós queremos um relacionamento com os americanos baseado no respeito mútuo?, avalia.
A visita de Hamadeh a Curitiba também teve um caráter amistoso e de estreitamento de relações, sob diversos aspectos. As discussões com a grande comunidade libanesa que vive no Brasil também abrangem o possível estabelecimento de cidades-irmãs e de outras formas de cooperações entre os dois países.