O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Miguel Rossetto, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, e as famílias acampadas na Fazenda Corumbataí (Sete Mil), no município de Jardim Alegre (PR), participam hoje da inauguração do assentamento 8 de Abril. A festa de início do plano do assentamento terá ainda a presença do governador do Paraná, Roberto Requião, e do vice-governador e secretário de Estado da Agricultura, Orlando Pessutti, entre outros convidados.
A fazenda foi adquirida pelo Incra em novembro de 2004. Segundo o cálculo preliminar da Superintendência do Incra no Paraná, a área de 13,8 mil hectares pode assentar até 923 famílias de agricultores. Um plano de desenvolvimento vai definir o número exato de famílias que poderão ser assentadas no local. O cadastro e a seleção das famílias já estão prontos. A próxima etapa é a assinatura do termo de compromisso com os assentados.
Atualmente vivem na área 570 famílias e a produção do acampamento, na safra passada, foi de 750 mil sacas de milho, 350 mil de feijão, 50 mil de arroz, além de 80 mil arrobas de algodão e 300 mil toneladas de mandioca (plantada pela primeira vez). As famílias também produzem trigo, girassol, melancia, soja e amendoim, garantindo assim a diversificação da produção. A venda do excedente produzido na fazenda permitiu a aquisição de 115 tratores, 26 caminhões e 18 colheitadeiras. O ministro Miguel Rossetto classificou a inauguração do Assentamento 8 de Abril como uma contribuição para a geração de emprego e renda na região. "A aquisição da fazenda é um esforço do governo federal para resolver a demanda da reforma agrária no Paraná", afirmou. O presidente do Incra, Rolf Hackbart, disse que o assentamento das famílias na Fazenda Corumbataí é uma demonstração concreta de que o governo federal está trabalhando para a valorização e a implantação das metas do II Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA). "Esse assentamento representa a solução de um conflito que dura mais de oito anos no Paraná", ressaltou.
Esperança
A posse definitiva da terra dá aos agricultores da Sete Mil, a maioria acampados há mais de quatro anos, uma nova esperança de vida. Élia Schuster, 53 anos, está há cinco anos na Fazenda Corumbataí. Viúva, ela produz feijão, arroz, milho e amendoim para consumo da família, formada por seis filhos e dois netos, e já consegue vender o excedente. Para complementar a renda, a agricultura também cria duas vacas de leite e galinhas caipiras. "Tenho um alqueire (2,42 hectares no Estado) de terra para plantar e tudo que vendo tiro nota para poder me aposentar", explica.
Também existem exemplos de famílias que resistiram no acampamento desde a primeira ocupação, em 1996. É o caso da agricultora Vani Alves, 56 anos. "Eu e minha família trabalhávamos na terra do meu sogro e como não era nada nosso, resolvemos arriscar o acampamento". Dona Vani diz que nunca desanimou, mesmo com as ameaças de despejo por ordem judicial.