Um comissão composta por membros dos ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC) está coletando dados sobre as condições de funcionamento do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba. Em abril deste ano, o governo lançou uma portaria interministerial estabelecendo novas regras reclassificando alguns hospitais em hospitais de ensino. Agora as instituições começam a passar por esse processo. Este é um requisito básico para que os hospitais sejam beneficiados pelo novo modelo de financiamento, com repasse mensal fixo de verbas pelo Sistema Único de Saúde.
Hoje 143 universidades têm hospitais considerados como de ensino. Mas com a nova classificação, o número deve baixar entre 20% e 30%. O diretor do HC, Giovanni Loddo, explica que uma das novas exigências é que os hospitais contemplem todas as especialidades do curso de Medicina e também outro curso na área da saúde. Além disso, vão ficar de fora aqueles que não atendam em 100% os pacientes do SUS e os que apenas possuem convênios com as faculdades. “Nesses casos é apenas um hospital que auxilia o ensino. A diferença é que um hospital de ensino exige toda uma estrutura para atender aos alunos, e isso demanda mais recursos”, pondera.
Giovanni comenta que todos os documentos referentes ao hospital já tinham sido enviados à Brasília e agora a comissão composta por dois membros do MS e dois do MEC vieram verificar a realidade na prática. Ele acredita que o hospital conseguirá sem maiores dificuldades a nova classificação. “Pode haver apenas pequenos ajustes”, fala. A comissão, que prossegue os trabalhos hoje, está fazendo uma espécie de “radiografia” no HC. Vai verificar como é feito o atendimento aos pacientes, o funcionamento dos cursos de ensino, pesquisa e extensão e também a administração.
Novo modelo
O novo modelo de financiamento dos hospitais passa a se chamar “Financiamento Global”, devendo trazer benefícios para os hospitais. Será elaborado um plano de atuação contemplando todas as necessidades da unidade. Os gestores do sistema de saúde vão ser convocados a participar e cada um deve estabelecer um montante para colaborar na composição do orçamento da instituição.
Giovanni diz que hoje não é possível planejar ações de melhorias para o hospital. É preciso trabalhar com uma verba que oscila dependendo do número de atendimentos realizados – em abril, o HC recebeu R$ 3 milhões, enquanto que em julho foram R$ 5 milhões. Além disso, o dinheiro não cobre os gastos e as benfeitorias dependem de doações.
O diretor acredita que a situação vai melhorar, no entanto, sabe que o problema da falta de verba vai continuar. Mesmo assim, prevê a possibilidade de saldar a dívida com os fornecedores, que hoje é de R$ 9 milhões, o que acabaria com o problema da falta de insumos.