A campanha eleitoral está nas ruas desde o dia 7 do mês passado, em respeito ao calendário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral. A maior vitrine dos candidatos é a Boca Maldita que já foi invadida por cabos eleitorais e banquinhas decoradas com pôsteres de candidatos às eleições.
Há dois anos como colaboradora de candidato a vereador, Daniele Pzybyscecki está Rua XV para convencer eleitores. Ela aborda as pessoas educadamente, entrega panfletos e conta a trajetória de quem defende com conhecimento de causa. “Ele trabalha muito pelo bairro onde moro e confio no trabalho dele.” Vestindo a camisa de outro candidato à Câmara de Curitiba, Casemiro Gomes se orgulha de estar na militância há 60 anos, embora nunca tenha se filiado a partido algum. “Acredito em meu candidato porque acompanho suas ações”. Em outra banca, os cabos eleitorais só atendem quem procura por informações. “Nossa estratégia é ser discreto, dentro da postura ética e educada”, comenta Roberto Braga, da equipe de coordenadores de campanha de um candidato a vereador. “A convivência entre todos é pacífica”, ressalta.
Democracia
Assíduo frequentador da Boca Maldita, o redator aposentado Justiniano do Nascimento, considera desnecessária tanta propaganda, em especial a do “barulhento carro de som”. Para ele, o eleitor escolhe o candidato pelas de conversas com amigos e parentes. “Não se pode confiar somente nas informações dadas por quem trabalha com o candidato, no caso dos cabos eleitorais. Para mim, uma bandeira não diz nada para quem não tem informação.” A advogada Nádia Mikos considera a tomada da Boca Maldita por banquinhas a manifestação da democracia, mas que há certo exagero na propaganda, com muita poluição visual e sujeira na rua por causa da panfletagem. “Para quem ainda não escolheu o candidato, a abordagem de cabos eleitorais é uma oportunidade de se obter informações. Eu pesquisei a vida de alguns e já escolhi o meu voto”, conta.
Artistas dividem o espaço
Embora a Boca Maldita seja reduto tradicional de manifestações democráticas, a arte também sempre está presente por lá. A divisão de espaços entre artistas plásticos e políticos está bem delimitada, embora mais restrita aos expositores.
Há quem considere vantajosa a presença das banquinhas, como o artista plástico Delsides Gomes do Nascimento Filho.”Atrai público diferente e colabora na divulgação do nosso trabalho.” No entanto, ele reclama que os expositores pagam aluguel para usar a Rua XV, enquanto os candidatos estão ali de graça. Já o também artista plástico João Carlos Bom se incomoda com a barulheira do carro de som. “É muito alto. Não consigo conversar com o cliente e isso interfere no negócio. O candidato deveria se conscientizar que este tipo de propaganda só perturba o eleitor”, desabafa com conhecimento de causa já que está há 27 anos na Boca. A reclamação é a mesma na Banca da Boca. “O som atrapalha no atendimento ao cliente”, comenta o proprietário Gustavo Pontes que não enxerga aumento nas vendas por causa da campanha política no local.