Na conta da dupla, os relógios de parede (de cuco ou carrilhão musical) já somam duzentos, totalmente reparados. Os rádios (como RCA Victor e Zenith 9S232 Shutter Dial Walton) já ultrapassaram a marca de quatrocentos. E ainda existem os itens que estão em processo de restauração. “A internet ajuda a encontrar muita coisa no eixo entre São Paulo e Rio Grande do Sul, mas estamos sempre de olho em todos os tipos de lugares que possuem objetos antigos”, explica Evandro.
Ele conta que o então padre Domingos Salomão Kachel (hoje monsenhor), da Matriz de São José dos Pinhais, certa vez o presentou com um relógio de corda alemão modelo Gustav Becker. “Eu cuidava do sino da igreja e todo mundo aqui já conhece o quanto gostamos de coisas antigas”, diz Evandro. Outra vez, eles conseguiram comprar todos os componentes eletrônicos da loja que pertencia a um dos primeiros radioamadores do Paraná. Mas os dois desviam do assunto quando são questionados sobre o custo dessas aquisições. “Certa vez eu questionei a minha esposa sobre quanto ela tinha pago em uma mesa de jantar e ela disse que bem menos do que eu gasto com isso”, sinaliza Flávio.
O curioso é que enquanto o relógio de parede possui um sistema mecânico, o rádio é eletrônico, mas ambos cativam os irmãos. “O Evandro fica mais com a parte dos sistemas, eu gosto de restaurar a madeira e quanto é algo mais complicado recorremos a um marceneiro muito bom daqui de São José”, explica Flávio.
Da destruição pra construção
Lineu Filho |
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Apaixonados por restaurações, irmãos não vendem os objetos. Veja na galeria de fotos e no vídeo os rádios e relógios. |
A habilidade para consertar relógios e rádios não veio por acaso. Foi adquirida na infância, com a destruição de muitos eletrodomésticos. “Teve uma vez que nos escondemos embaixo da cama para desmontar o espremedor de frutas da mãe”, conta Evandro. E nem as palmadas recebidas continham a vontade da dupla. “Até deixávamos a cinta mais larga, que nem dói, ao alcance da mãe, assim ficava tranquilo desmontar tudo”, complementa Flávio. Eles reconhecem, porém, que a satisfação de consertar é melhor. E esse prazer é tão grande que vender esses objetos está fora de questão. “Podemos até presentear alguém, mas vender não”, afirma Evandro.
Veja na galeria de fotos e no vídeo os rádios e relógios.