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Mesmo sem saber tocar, homem é ‘expert’ em pianos

Carregar um piano não é problema para Manoel Pedro Torquato. É profissão. Há 32 anos, o instrumento musical é o ganha-pão do morador do Barreirinha e sua família. Transportar, restaurar, afinar, consertar… Se o assunto for piano, a única coisa que o curitibano de 53 anos não faz é tocar.

A relação de seu Manoel com o instrumento começou em 1981, quando ele foi contratado pela antiga fábrica de pianos Essenfelder e se tornou um verdadeiro especialista no assunto. Hoje, ele tem a sua própria oficina, onde faz muitas peças antigas reviverem. Grande parte delas, feitas na companhia onde iniciou a carreira, que fechou as portas em 1996. “Fui indicado por um amigo que já trabalhava lá. O teste de admissão era erguer um piano embalado. Eu era um rapaz magrinho, mas consegui levantar e fui contratado. Comecei a fazer montagem, encordoamento, embalagem… Aprendi tudo”, conta Manoel.

Depois de dez anos de trabalho na fábrica, ele decidiu abrir seu próprio negócio e montou a oficina nos fundos de sua casa. Desde então, vem acumulando experiência, clientes famosos e boas histórias. “Já tenho até calo no pescoço. Uma vez, tivemos que fechar a Avenida Padre Agostinho para erguer um piano de guindaste até o sexto andar. O cliente teve que arrancar uma janela inteirinha”, recorda.

Marco Andre Lima
Várias celebridades já tocaram em instrumentos recuperados por Manoel.

Transportar pianos é trabalho pesado. “Cada um pesa de 350 a 400 quilos. Mas não é questão de força e sim de prática e jeito. As empresas de frete e mudança não sabem e muitas vezes estragam o piano”, constata Manoel.

Mas o mais difícil, segundo ele, é restaurar os instrumentos antigos. “Muitas vezes o piano chega todo estragado e cheio de cupins. Eu faço a recuperação das madeiras, desmonto peça por peça para consertar e polir, afino e troco as cordas. É um serviço delicado e que demora até três meses.”

Entre os pianos que os Caçadores de Notícias viram na oficina de seu Manoel, estava um modelo Essenfelder de 1915. “Parecia o piano do Herman Monstro, todo velho e cheio de candelabros”, conta Virgínia Torquato, esposa de Manoel há 33 anos e companheira de oficina. “Sou a primeira mulher a carregar pianos”, garante.

A clientela do casal não fica só em Curitiba e inclui algumas celebridades. “Os pianistas Arthur Moreira Lima e João Carlos Martins já tocaram pianos que eu restaurei. Também já levei instrumentos na casa do senador Alvaro Dias e até da Xuxa”, orgulha-se. A oficina de seu Manoel fica na Rua André Klug, 87. O telefone é (41) 3354-5663.

Assista no vídeo o trabalho do casal.

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