Na percepção de usuários e especialistas, a rodoviária e seu entorno continuam a apresentar problemas, mesmo após a reforma, concluída em junho de 2014, pra Copa do Mundo. A situação fica mais crítica em dias tumultuados. No Dia de Finados, apesar da movimentação ter sido menor que a dos feriados de setembro e outubro (Dia da Independência do Brasil e Dia de Nossa Senhora Aparecida), houve queixas, a maioria sobre o estacionamento.

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A falta local gratuito pra deixar o carro é a dificuldade que a dona de casa Silvana Galdino enfrenta sempre que vai levar ou pegar a mãe na rodoviária. “Ela viaja com frequência para Ponta Grossa. Meu marido tentou estacionar por mais de 20 minutos, e nada”, relatou.

Privado

Há dois estacionamentos pagos no local, com total de 269 vagas. Para não desembolsar o valor de R$ 3,50 por meia hora, muitos usuários ficam rodando até encontrar uma das 100 vagas rotativas livre, pra parar por quinze minutos. Segundo a agente da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) Carolina Silva, o fluxo desses veículos causa tumulto, principalmente em dias movimentados, quando o acesso à parte de trás do bloco estadual é fechado, e se torna exclusivo para táxis. “Fica tudo trancado, prejudica a circulação. É um espaço muito pequeno para passar, faz até fila tripla”, queixa-se o bancário Everton Slezinsky, que tentava deixar a sogra no bloco estadual para uma viagem a Paranaguá. Na volta do feriado, muitos motoristas estacionavam o carro com o pisca alerta ligado em locais proibidos, como as vagas para embarque e desembarque, em que não é permitido parar.

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Vagas subterrâneas

De acordo com a Urbanização de Curitiba (Urbs), há um projeto, em fase de análise técnica, de construção de um estacionamento subterrâneo com 450 vagas na Avenida Presidente Affonso Camargo, para atender o Mercado Municipal e a rodoviária. As últimas informações sobre o assunto no site da prefeitura são de janeiro de 2013, e dão conta do vencedor da licitação, o consórcio Estacionamento ETM, e de que as obras não tinham data definida.
Na visão do conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) e coordenador da pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Carlos Hardt, o estacionamento subterrâneo traria vantagens: “Jogando os carros para outro nível, você libera a superfície para os pedestres e urbaniza a cidade”. Haveria, no entanto, dificuldades técnicas – a área é muito baixa, e exigiria um investimento maior para evitar infiltração de água do lençol freático – e ambientais, já que árvores de grande porte e raízes profundas precisariam ser cortadas.

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Trânsito

A mobilidade no entorno da rodoviária é outro problema que permanece após as melhorias feitas para a Copa. Para o professor titular de Transportes do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo Ratton, a questão do trânsito já passou do ponto crítico, e exige estratégias profissionais. “É um dos locais que mais concentra tráfego em Curitiba, com a confluência de várias ruas, a Avenidas das Torres, a Sete de Setembro, a Silva Jardim. A solução seria construir um viaduto ali. A prefeitura precisa pensar seriamente nisso, não pode ser um paliativo, como colocar sinaleiros e câmeras”, afirma. Alterar tempos de semáforo, segundo ele, é uma medida que não resolve.

Usuários reclamam da falta de vagas pra estacionar.

Fim de ano complica

O período entre Natal e Réveillon é o de maior movimento. A Urbs afirmou que faz planejamento pra essas datas, com Polícia Militar, empresas operadoras e o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), mas não apontou medida concreta pra 2015. De acordo com o órgão, a rodoviária registrou 100 mil embarques num único fim de semana no final do ano passado, sem problemas de operação. “Os usuários podem ficar tranquilos”, declara o diretor de Urbanização da Urbs, Gladimir Nascimento. Quanto ao entorno, a Setran informou que não faz operações especiais em feriados desde que as obras pra Copa foram concluídas. O órgão acompanha o fluxo viário da região e, caso haja necessidade, altera a sincronia dos semáforos para melhorar o trânsito.

De acordo com o urbanista Carlos Hardt, foram feitos estudos municipais pra descentralizar a rodoviária, desmembrando-a em uma ao Norte da cidade e outra ao Sul. A Urbs informou que, não há, no momento, nenhum novo projeto de transferência.

Viaduto

O urbanista Carlos Hardt afirma que o entorno da rodoviária é um nó complexo para o trânsito, que demanda estudos aprofundados logo, para que as medidas sejam realizadas no médio prazo.

“As intervenções ali não seriam fáceis. Um viaduto talvez não seja a solução, não há muitas alternativas. Melhorar tempos de sinal e deslocar fluxos para não concentrá-los são ações com pequenos e médios impactos, mas que podem melhorar o tráfego, no conjunto”, afirma.

A Setran relembrou, em nota, as melhorias feitas para o Mundial de futebol, que amenizaram os congestionamentos na Avenida Presidente Affonso Camargo: construção de uma nova via de acesso exclusiva para ônibus (trecho da Avenida Dario Lopes dos Santos) e de uma nova entrada para os ônibus no final da Avenida Silva Jardim, e alargamento da Rua Conselheiro Laurindo.