Mesmo após a morte, pessoas obesas sofrem

O crescente aumento de peso na população não é um problema que atinge as pessoas apenas quando estão vivas. Freqüentemente, os cemitérios de Curitiba estão tendo dificuldades em realizar enterros de pessoas obesas, uma vez que os caixões não estão cabendo nas sepulturas. O agravante é que situações como essa vem gerando conflitos entre familiares e a administração dos cemitérios, que muitas vezes são obrigados a sepultar os corpos de forma pouco convencional.

O caso mais recente aconteceu no Cemitério Luterano de Curitiba, no mês passado. O caixão, que levava uma pessoa com 160 quilos, não entrou por inteiro na sepultura, ficando levemente penso para o lado. Revoltada com a situação, a família está exigindo o ressarcimento dos gastos com o funeral. Esse é apenas um dos vários casos de constrangimento durante enterro de pessoas obesas.

Segundo Luciana Smoger, responsável pela limpeza e sepultamentos do Cemitério Luterano, dos 150 enterros anuais, 40 deles são de pessoas com problema de excesso de peso. O índice de funerais de obesos explica-se pelas estatísticas referentes à doença. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho, 40% da população adulta está com excesso de peso. O sobrepeso chega a 30% e a obesidade ocorre em torno de 10% (13% das mulheres e em 6% dos homens).

Problemas

De acordo com Luciane, o maior problema ocorre quando a família não se prepara para o funeral. Quando o caixão "especial" chega no cemitério, geralmente ele não entra na sepultura, as quais possuem medida padrão de 80 centímetros de largura, 2,10 metros de comprimento e 60 centímetros de altura. Nesses casos, as paredes dos jazigos são raspadas e, em algumas vezes, as alças dos caixões precisam ser quebradas. "Nós temos que tirar um pouco da parede, mas não podemos deixar o caixão em contato com a terra. Por isso em alguns casos ele fica um pouco de lado e as alças precisam ser retiradas. Porém, em nenhum momento a madeira do caixão é danificada", explica Luciana.

Para evitar constrangimentos como esse, os novos túmulos do Cemitério Luterano estão sendo construídos até 20 centímetros maiores. A administração também está recomendado que famílias que possuem pessoas com problema de obesidade reformem os jazigos, aumentando a largura das gavetas antes mesmo das mortes. "Por causa dessas confusões, nós passamos a medir os caixões e os túmulos na frente dos familiares, informando antecipadamente o que pode acontecer", finalizou Luciana.

Caixões devem ser reforçados

O problema de obesidade também atinge as funerárias. De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do Estado do Paraná, Gélcio Miguel Schibeleben, as funerárias já estão preparadas para atender todos os casos, seja de pessoas com excesso de peso ou muito altas. As urnas convencionais suportam pessoas até 90 quilos.

Mas existem outros modelos que suportam até 300 quilos. Porém, o custo desses caixões especiais chega a ser até 20% mais caro. Isso porque a madeira precisa ser mais reforçada nas laterais e no fundo. O número maior de alças também encarece o ataúde – os modelos padrões levam seis, enquanto os especiais podem chegar até 14. "Trabalho há mais de 20 anos nesse ramo e posso dizer que o número de caixões especiais aumentou", finalizou Schibeleben. (PC)

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